A eventual saída de Vinicius Júnior do Real Madrid, ventilada com intensidade nesta última semana, não se restringe ao campo da especulação. Segundo o Mundo Deportivo, o clube merengue não descarta a venda do atacante brasileiro, que exige remuneração próxima à de Kylian Mbappé para renovar contrato. Embora sua multa rescisória seja simbólica — 1 bilhão de euros —, fontes da imprensa europeia apontam que dirigentes sauditas estariam dispostos a desembolsar cerca de R$ 2,2 bilhões pelo camisa 7. Na última temporada, Vini marcou 22 gols e somou 19 assistências em 58 partidas. Aos 25 anos, vive o auge físico e técnico da carreira.

A questão ultrapassa cifras. O pedido de valorização salarial de Vini Jr. escancara um reposicionamento interno no elenco madridista, especialmente com a chegada de Mbappé. O francês, estrela máxima do projeto esportivo de Florentino Pérez, tornou-se o novo eixo financeiro do clube. Ainda que Vini seja decisivo há três temporadas e tenha protagonizado finais continentais, sua valorização não acompanha a de companheiros recém-chegados. A disputa é, portanto, simbólica: envolve protagonismo esportivo, reconhecimento institucional e estratégia de branding global. Vini Jr. deseja ser tratado como referência — e, ao que parece, não apenas em campo.

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Caso o Real opte por negociá-lo, não se trata apenas de perder um titular. Vini é, desde a saída de Benzema, o elo mais visível entre o Madrid e a América Latina. Uma venda bilionária ao mundo árabe significaria abrir mão não só de um jogador em plenitude, mas de um ativo de mercado que, diferentemente de Haaland ou Bellingham, representa o afeto de milhões de torcedores fora da Europa. Internamente, a venda também abriria brecha para o avanço de jovens como Endrick, cuja chegada está prevista para a temporada 2025/26 — um futuro promissor, mas ainda incerto no curto prazo.

A permanência de Vinicius Júnior no Real Madrid deveria ser prioridade institucional. Não apenas pelos gols ou assistências, mas porque sua trajetória traduz um projeto esportivo que o próprio clube ajudou a moldar desde os tempos de Flamengo. Negociá-lo por questões salariais — num mercado onde o "peso da camisa" continua sendo argumento seletivo — exporia contradições entre discurso e prática. Os árabes oferecem dinheiro. O Real, até aqui, oferece silêncio. Se a novela continuar nesse tom, o torcedor merengue pode acabar perguntando: e cadê o juízo, minha gente?