Em entrevista ao Fantástico, Mirian Lira Rocha descreveu o luto profundo pela perda dos filhos Evely, de 13 anos, e Luís Fernando, de 7, mortos após consumirem um ovo de chocolate envenenado. "A gente ter dois filhos e, de uma hora para a outra, a gente não ter mais. É uma dor que só Deus para tirar", disse.

O crime ocorreu em Imperatriz, no Maranhão. As investigações da Polícia Civil apontam que o doce foi enviado de forma anônima à casa de Mirian pela esteticista Jordélia Pereira Barbosa, como ato de vingança. Jordélia foi presa na quinta-feira (1º), próxima à cidade de Santa Inês, também no Maranhão, e foi indiciada por duplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio.

De acordo com os investigadores, Jordélia teria motivação pessoal: anos atrás, seu então marido, Antônio Alves Barbosa Filho, havia namorado Mirian na juventude. Após o fim do casamento com Jordélia, Antônio reatou o contato com Mirian. "Minha intenção com ela era essa. A gente construir uma família, a gente se casar e viver a nossa vida", contou ele.

Ameaças

A polícia afirma que Jordélia criou um perfil falso em rede social para ameaçar Mirian. "Ela dizia que eu estava destruindo a família dela, sendo que, em nenhum momento, eu destruí a família dela. Até a certidão de divórcio já tinha sido feita", relatou Mirian.

Antônio descreveu a ex-mulher como alguém com comportamentos instáveis. "Alguns momentos eram tranquilos, mas tinha momentos também que eram explosivos", disse.

Na casa de Jordélia, foram encontradas perucas e chocolate granulado, que, segundo a polícia, teriam sido usados para mascarar o veneno presente no doce. O Ministério Público entende que houve dolo direto na tentativa de homicídio, pois o envenenamento teria sido direcionado especificamente a Mirian, caracterizando motivo torpe.

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Se condenada, Jordélia pode pegar entre 12 e 30 anos de prisão por cada um dos crimes.

Em nota, a defesa da acusada afirmou que os fatos serão esclarecidos no decorrer do processo e que ela nega ter cometido o crime. Em depoimento, Jordélia admitiu ter comprado e enviado os ovos de Páscoa, mas negou ter colocado veneno, alegando que apenas queria desejar uma "Feliz Páscoa".

Internações

O filho mais novo de Mirian foi o primeiro a sentir os efeitos da substância tóxica. "Ele começou a falar: 'Mãe, eu não estou enxergando, estou ficando cego'", relatou. Enquanto Luís era atendido no hospital, Mirian também passou mal. Pouco depois, a filha Evely chegou com os mesmos sintomas.

Luís Fernando morreu no dia seguinte à internação. Evely faleceu sete dias depois.

Segundo a perícia, foi encontrada na bagagem da acusada uma substância altamente tóxica, comum em agrotóxicos e raticidas. A análise apontou que quase 100% das amostras testaram positivo para o veneno.

Agora, Mirian busca justiça. "Quero que ela pague por esse crime. Eu sei que não vou ter meus filhos de volta, mas... vai ter um alívio, porque foram duas vidas inocentes que ela tirou".