Fiscalização do TCM revela carências das escolas municipais baianas

EducaçãoSaiba mais

Fiscalização do TCM revela carências das escolas municipais baianas

Auditores visitaram um total de 66 escolas municipais na Bahia 

Crédito: Divulgação/TCM-BA
Os 31 auditores do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, que participaram da "Operação Educação", e que visitaram um total de 66 escolas municipais de ensino fundamental na Bahia, constaram que boa parte delas, em termos de infraestrutura, funcionam em condições precárias e necessitam de reparos urgentes. Os técnicos constataram que as condições de higiene, em alguns casos, são lastimáveis. Em 30% das escolas visitadas, por exemplo, os banheiros são inadequados para crianças ou os equipamentos estão quebrados. Falta até mesmo sabão em 39% delas. E pelo menos 13 das 66 escolas – 20% do total – não fornece papel higiênico aos estudantes.

O relatório do levantamento realizado nos últimos três dias foi apresentado na quinta-feira (27) e será encaminhado aos gestores municipais com a proposta de ações a serem implementadas para melhorar o ambiente escolar – que tem reflexo na qualidade do ensino. O trabalho teve âmbito nacional, envolveu 32 tribunais de contas do país e a fiscalização de 1.100 estabelecimentos de ensino.

A "Operação Educação", foi fruto de uma parceria entre a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) – com o apoio técnico do Instituto Rui Barbosa (IRB), por meio do seu Comitê de Educação (CTE-IRB); e o suporte institucional da Associação Brasileira de Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom) e do Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC).

Os trabalhos do TCM da Bahia foram coordenados pelos auditores Vitor Maciel, Maíra Noronha, Bartolomeu Lordelo Júnior e Aurelino Costa e os técnicos em campo fiscalizaram escolas em 26 municípios: Alagoinhas; Amélia Rodrigues; Antônio Cardoso; Barreiras; Camaçari; Cabaceiras do Paraguaçu; Cachoeira; Conceição do Almeida; Cruz das Almas; Feira de Santana; Itaberaba; Itabuna; Irecê; Jequié; Lauro de Freitas; Maragogipe; Nilo Peçanha; Salvador; Santanópolis; Santo Amaro; Santo Antônio de Jesus; São Francisco do Conde; Simões Filho; Taperoá; Valença e Vitória da Conquista.

O presidente do TCM, conselheiro Francisco de Souza Andrade Netto, disse que objetivo "é elaborar um relatório com as principais deficiências encontradas nas escolas e encaminhar aos gestores municipais, a título de colaboração, e depois cobrar ações para que melhorias ou correções sejam feitas em todos os estabelecimentos".

Acrescentou que "tudo o que for possível fazer para melhorar a educação oferecida às nossas crianças é importante e deve contar com o apoio de todos". Nesse sentido – destacou – "o trabalho do TCM tem um caráter pedagógico. Nosso interesse primordial é contribuir para dar mais eficiência, mais qualidade às administrações municipais, em benefício da população. E especialmente na área da Educação", frisou.

As 66 escolas municipais fiscalizadas pelo TCM atendem um total de 17.906 estudantes (700 deles com necessidades especiais) e quatro delas estão situadas em áreas de quilombos. As deficiências de infraestrutura, em boa parte delas, são importantes e exigem ações imediatas.

O fornecimento de água é um problema grave em 17,64% das escolas visitadas, que não são abastecidas pela rede pública. A água utilizada ainda é proveniente de poço artesiano, cacimba ou cisterna. E 34% das escolas – que atendem crianças – têm instalações sanitárias inadequadas para este público.

Nas salas de aulas inspecionadas, nestes estabelecimentos de ensino, foram encontrados mobiliários quebrados ou vandalizados (8,24% das escolas); lousas danificadas (11%); iluminação inadequada (16,47%); vidros, janelas danificadas (12,94%); e ventiladores/ar-condicionado quebrados (16,47%) – o que resulta em ambiente não arejado ou com ventilação insuficiente (17,65%).

Na maioria das escolas visitadas não há ambiente adequado para recreação ou práticas esportivas. Isto porque, os técnicos constataram que em 71,70% destas escolas (38) não há sequer uma quadra esportiva. Em apenas cinco escolas (9,43%) há quadras cobertas e em 10 escolas foram encontradas quadras descobertas. Mas em 26,67% dos estabelecimentos (quatro quadras), os equipamentos estão em condições precárias, inadequados para uso regular.

A alimentação fornecida aos estudantes também carece de melhorias na qualidade e em seu preparo. Inadequações foram anotadas em 25 das escolas visitadas e em 10% delas, havia mofo na cozinha. Além disso, equipamentos estragados, instalações hidráulicas inadequadas e falta de higiene.

Com as condições de infraestrutura, de modo geral, carecendo de melhorias urgentes, o caminho a ser percorrido para a modernização do ensino ainda é longo. Nestas escolas praticamente não há nenhuma iniciação ou contato dos estudantes com equipamentos de informática. Em 90% delas não há sala de informática com computadores para os alunos e em 88% não há qualquer computador disponível aos estudantes.

Mais detalhes sobre os 193 itens examinados pelos técnicos do TCM nas 66 escolas municipais baianos podem ser vistos acessando o link disponibilizado pela Atricon, que elaborou os relatórios nacional e todos os demais, com a apuração dos técnicos dos diversos tribunais de contas do país. 

 

Comentários:

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Já Registrado? Acesse sua conta
Visitante
Segunda, 29 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.jornalfolhadoestado.com/