Em meio à modernidade, bata de feijão ainda sobrevive na zona rural de Feira

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Em meio à modernidade, bata de feijão ainda sobrevive na zona rural de Feira

A tradição acontece entre os meses de setembro e outubro de cada ano

A festa rural é cultivada em diversas comunidades ainda nos dias atuais

A tradição de um povo é a marca registrada de toda sua cultura adquirida ao longo do tempo, e que geração após geração é sempre passada aos mais novos como uma forma de garantia de que todo aquele conjunto de saberes e práticas não se percam com o tempo, mas que se preserve na memória cultural e histórica de um lugar. Aqui em Feira de Santana, mesmo com o avanço da tecnologia, uma prática ainda sobrevive à modernidade imposta pelo avançar dos anos. Trata-se da bata do feijão, ato que consiste na separação dos grãos de feijão ou até mesmo de outros grãos como o milho, tudo isso feito de forma manual. 

Impulsionado por fatores econômicos e sociais, a prática da bata vem ganhando novos ares com a chega da tecnologia em diversas localidades das zonas rurais, já que em algumas delas, todo o processo hoje acontece de forma mecanizada, ou seja, é feita com o uso de máquinas, ocupando um lugar que antes era predominantemente reservado ao espírito de coletividade dos trabalhadores do campo que reunidos em grupos de famílias e vizinhos cantavam de dançavam sob o ritmo das batidas da madeira nas vagens do milho e do feijão.

Acontecendo tradicionalmente entre os meses de setembro e outubro de cada ano, o trabalho da bata é bastante versátil, pois acaba dando vez e voz a participação de todos na roça, já que aos homens cabem o ofício de bater nas vagens secas com tocos de madeira, e já as mulheres ficam incumbidas da separação dos grãos e das cascas, num processo conhecido como biatagem.

Porém, mesmo com o decorrer dos anos, e consequentemente a melhoria das tecnologias disponíveis no processo, há pessoas ainda éis às antigas tradições como é o caso da dona Patrícia Alves Cerqueira, 46, moradora do povoado de Candeia Grossa, distrito da Matinha, zona rural de Feira de Santana, que fala com satisfação da alegria que sente ao participar da bata: "Temos que manter essa tradição! É algo desestressante, ajuda a gente a ficar relaxado, é um trabalho onde você vê a qualidade do feijão que tá sendo preparado com as suas mãos e com as suas forças", afirma.

A moradora da comunidade rural fala também de como tomou gosto pela prática ainda pequena, onde ia acompanhar seus pais, e foi pouco a pouco apendendo e tomando gosto pela prática: "Aprendi desde pequena com meus pais. Via eles, meus avós fazendo. Tinha também o digitório, porque ajuntava também muita gente. E eu ali ainda como criança já ajudava catando os caroços, sacudindo a palha, carregar. Era um trabalho muito bom e eu cresci fazendo isso e para mim ainda é um prazer", destaca. 

Por fim, dona Patrícia destaca sobre como o processo de mecanização da bata faz com que haja a perca de uma tradição tão simples, porém bastante importante para a manutenção da cultura do povo do
campo. "Eu não vejo como muito bom a utilização das máquinas para bater o feijão, porque eu cresci vendo isso sendo feito de forma manual e com isso os meus netos, meus sobrinhos não vão mais ver como isso era feito no passado. Eu ainda quero que isso continue sendo feito manualmente para manter a
tradição".
 

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Sexta, 13 Dezembro 2024

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