Um evento de MMA que estreia neste mês no Brasil pretende trazer um novo elemento para a discussão sobre inclusão de atletas transsexuais nos esportes de alto nível. O Transfighter, idealizado pelo lutador, professor e empresário Cris Macfer, vai realizar seu primeiro card no próximo dia 25 de novembro em São Paulo e colocar em prática o projeto das categorias T, uma forma de classificar os atletas transsexuais de acordo com o tempo de transição de gênero de cada um deles.

O envolvimento de atletas transsexuais no esporte de alta performance tem gerado muita polêmica nos últimos anos, especialmente quando se trata de mulheres transsexuais competindo com mulheres cisgênero. Críticos argumentam que a estrutura óssea e produção hormonal prévia de quem fez a transição de gênero após a puberdade lhes confere uma vantagem injusta, e os estudos sobre o tema ainda não são definitivos. Algumas federações esportivas internacionais, como a World Athletics (atletismo) e a UCI (ciclismo), baniram mulheres trans que fizeram a transição após a puberdade de competirem contra mulheres cisgênero.

Com isso em mente, Cris Macfer, cujo gênero de nascença é feminino, projetou as categorias T, numa ideia de permitir que outros atletas transsexuais como ele pudessem competir entre si. No formato piloto do projeto, os atletas são distribuídos em dois gêneros, masculino e feminino, e subdivididos de acordo com o tempo em terapia hormonal cruzada a que se submeteram. São cinco subdivisões: Pré-T (pessoas que não fazem a terapia hormonal cruzada), T1 (até um ano em terapia), T2 (entre um e três anos em terapia), T3 (entre três e cinco anos em terapia) e T4 (acima de cinco anos em terapia).