America perde sede histórica e tenta reverter na Justiça
Clube alega nulidades após leilão da "Mansão do Diabo"
O America Football Club, presidido desde 2024 por Romário, viu sua sede histórica — conhecida como "Mansão do Diabo" — ser leiloada por R$ 1,9 milhão, valor muito abaixo da avaliação inicial de R$ 5 milhões. Localizado no km 18 da Rio-Petrópolis, o imóvel servia à base e à memória afetiva de uma era dourada do clube. Com mais de 10 pedidos de penhora e dívida junto à União próxima de R$ 1 milhão, a casa foi arrematada pela empresa Grande R.B Empreendimentos. O prazo para contestação expirou em maio, mas a diretoria tenta reverter o caso na Justiça, alegando não ter sido devidamente intimada.
Do ponto de vista jurídico, o cenário é delicado. Documentos obtidos indicam que o America foi sim notificado em abril e deixou o prazo correr sem reação — erro básico de gestão, que beira o amadorismo em pleno 2025. Ainda assim, o clube aposta em possíveis nulidades para contestar a arrematação, afirmando que a sede é vital para sua recuperação esportiva. Não é apenas um prédio em ruínas: trata-se do antigo centro de treinos, símbolo de um tempo em que o rubro carioca dividia espaço com os grandes do futebol nacional.
📱 FEIRA DE SANTANA NOTÍCIAS 24H: Faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsApp
Do ponto de vista esportivo e institucional, a perda da Mansão é um baque simbólico para um clube que já luta por identidade há décadas. O America segue na Série A2 do Carioca e ficou novamente fora da zona de acesso. Sem a sede, perde-se também parte do projeto de base — o último fio que ainda ligava o passado às possibilidades de futuro. É como se a pá de cal não viesse em forma de derrota em campo, mas num carimbo judicial impiedoso.
Para quem viu o America brilhar na era de Wolney Braune ou testemunhou o casarão receber atletas como Edu e Afonsinho, o sentimento é de luto — mas também de alerta. A história mostra que instituições centenárias podem agonizar à míngua de cuidado e seriedade. Como dizemos por essas bandas, quem não cuida da raiz não colhe sombra. E o futebol carioca, que já foi mais plural, vai ficando cada vez mais órfão de seus símbolos.
Comentários:
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.