Para o ex-atacante Ronaldo, o futebol tem mudado muito na sua essência e isso contribui para que dentro de campo, algumas posições como a de atacante fixo seja algo raro na atualidade. "Hoje a concepção dos treinadores em termos de esquema de jogo mudou: eles querem jogadores marcando e atacando em bloco, limitando a capacidade técnica dos atletas. O quem mais a gente ouve hoje é a palavra intensidade, o físico se sobrepõe à técnica e as reclamações de que jogadores estão 'estourados' é frequente", analisa. "Hoje a gente vê um atacante dominar a bola, o gol está ali à sua feição e de repente, ele volta o jogo todo por medo. Mataram a ousadia, a genialidade que existia no futebol", complementa.

O ex-atacante acredita que os excessos estragaram muito a arte no futebol atual. "Naquele tempo, o futebol tinha um comprometimento maior: por exemplo, em uma das finais do Baiano de 1991, teve uma disputa de bola que me machuquei feito. Meu supercílio partiu, fiquei fora do jogo quase 10 minutos, tomei uns cinco pontos na testa e votei a campo, tamanha era a minha vontade de jogar. Hoje um cara toma um cortezinho já pede para sair, qualquer pressão que sofre da torcida já pede para ir embora", compara

Ronaldo lembra que um dos motivos da torcida jogar com o time estava ligado também à raízes dos próprios atletas. "Tinha os (jogadores) de fora, porém, a maioria era daqui da Bahia, as famílias, amigos, vizinhos vinham ver a gente jogar. Não se tinha estrelismo, ou seja, existem muitos fatores que tornam o futebol frio e muita gente hoje não tenha mais aquela paixão como antigamente", declarou.