Brasileiro sonha alto e persegue marca de 10 mil gols
Fábio Torres anota tudo desde 1985 e já passou dos 9 mil
Fábio Torres não é craque de estádio lotado nem ídolo de torcida organizada. Mas aos 57 anos, o cardiologista gaúcho segue fiel a uma meta que mistura obsessão e poesia: atingir a marca de 10 mil gols nas peladas da vida. Desde 1985, quando ainda ingressava na faculdade de Medicina, Fábio começou a anotar cada gol que marcava em bloquinhos, depois migrando para planilhas digitais. Em julho de 2025, ele já soma 9.354 gols em 4.718 partidas disputadas entre futsal, society e campo — tudo devidamente registrado, com vídeos, testemunhas e um rigor estatístico que deixaria muito scout profissional envergonhado.
Tecnicamente, o que Fábio faz vai além do hábito: é disciplina aplicada ao amadorismo. Ele joga entre duas e quatro vezes por semana, veste a camisa de mais de dez times e, recentemente, marcou dois gols em quadra sintética durante um amistoso informal em Porto Alegre. Mesmo nas viagens, leva a chuteira na mala — como agora, na Irlanda, onde disputa a Copa do Mundo dos Médicos. Apesar de não ter balançado as redes até aqui no torneio, já distribuiu três assistências e segue afiado. Para um homem que passou décadas conciliando consultório e campo, cada toque na bola parece também um gesto de resistência à pressa do tempo.
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O número almejado — 10 mil — pode parecer exagerado a quem vê de fora, mas representa algo mais profundo: a eternização de um prazer infantil que nunca se perdeu. Fábio não se autoproclama Pelé, Romário ou CR7, embora brinque com a alcunha de "maior artilheiro do mundo". Sua lógica é outra: o futebol como rotina afetiva, quase terapêutica. Ele mesmo afirma que o gol mais bonito foi em 2024, na Austrália, ao encobrir o goleiro com categoria. O mais importante, porém, parece ser o próximo. O sonho é chegar à meta até 2030. E, conhecendo a constância do homem, não dá pra duvidar.
A história de Fábio, guardadas as devidas proporções, lembra os sábios do interior baiano que diziam: "quem planta jogo, colhe alegria". E é justamente isso o que ele faz — planta futebol na rotina, colhe memórias e constrói uma narrativa que escapa do comum. Em tempos de algoritmos e métricas vazias, anotar mais de 9 mil gols com papel, caneta e paixão soa quase como um manifesto. Se todo gol conta, Fábio já é artilheiro da esperança.
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