Fluminense projeta futuro com verba recorde após campanha histórica
Clube prevê usar premiação para quitar dívidas, investir e evitar impostos altos
A campanha do Fluminense na Copa do Mundo de Clubes 2025 rendeu não apenas prestígio esportivo, mas também cifras inéditas no futebol brasileiro. Ao alcançar a semifinal da competição realizada nos Estados Unidos, o tricolor carioca assegurou um total estimado de R$ 330 milhões em premiações, dos quais R$ 60 milhões já foram recebidos. O restante, vinculado ao desempenho esportivo, só será pago ao final de setembro, como estipulado pela Fifa. O fluxo financeiro, embora robusto, carrega particularidades complexas: os impostos federais americanos serão cobrados apenas em fevereiro de 2026 — e ainda dependem de interpretação jurídica sobre a origem dos valores.
O caso exige precisão estratégica. A diretoria contratou um escritório de advocacia nos EUA para defender a tese de que os tributos locais incidam apenas sobre o valor recebido em solo americano (os R$ 60 milhões iniciais), não sobre o montante a ser transferido ao Brasil posteriormente. Essa manobra fiscal, se validada, pode poupar o clube de uma mordida bilionária do fisco. Internamente, o Fluminense já planeja a destinação dos recursos: pagamento de dívidas operacionais, modernização do CT Carlos Castilho e do núcleo de base em Xerém, além de reinvestimento no elenco profissional, que perdeu peças importantes após o torneio — entre elas o colombiano Arias, destaque da campanha.
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O desfecho da negociação fiscal pode determinar a magnitude do impacto financeiro real para o clube. Caso o entendimento da defesa seja rejeitado, os tributos americanos podem consumir até 30% da premiação restante — algo em torno de R$ 80 milhões. Isso comprometeria a capacidade de investimento prevista para o segundo semestre. O presidente Mário Bittencourt sinalizou que parte do valor será utilizada para honrar compromissos com atletas e comissão técnica, em forma de premiação. Até lá, a diretoria segue em estado de atenção, à espera da liberação dos valores e da definição legal que permitirá ao Fluminense transformar a façanha esportiva em sustentação estrutural.
É raro que um clube brasileiro se veja diante de tamanho desafio de gestão após um êxito esportivo. O Fluminense vive um momento singular, que exige mais do que competência administrativa: requer visão de longo prazo e frieza diante de pressões internas e externas. A tentação de inflar contratações, algo corriqueiro em contextos assim, precisa ceder espaço a escolhas sustentáveis. Afinal, o futebol brasileiro não carece de conquistas isoladas — carece de projetos duradouros. E como se diz lá na Bahia, é no silêncio da rede armada que se faz o melhor planejamento.
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