Neymar perde espaço na seleção e Ancelotti reforça nova hierarquia
Técnico italiano privilegia forma física e amplia concorrência com jovens talentos
Carlo Ancelotti voltou a falar sobre Neymar às vésperas do duelo contra o Chile, no Maracanã, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Com a seleção já classificada, o italiano reiterou que a ausência do camisa 10 está ligada ao critério físico, mais do que à técnica. A última partida do atacante pelo Brasil foi em outubro de 2023, quando sofreu grave lesão no joelho. Desde então, a retomada tem sido lenta, e o treinador prefere apostar em jogadores com maior ritmo competitivo. O contexto é ainda mais desafiador porque Ancelotti declarou avaliar cerca de 70 atletas aptos a disputar o Mundial de 2026.
Tecnicamente, a escolha traduz uma mudança de paradigma. O ciclo brasileiro deixou de orbitar em torno de Neymar, que por mais de uma década foi o centro da engrenagem ofensiva. Ancelotti valoriza intensidade, capacidade de pressão e compromisso coletivo, critérios em que jovens como Estêvão e João Pedro aparecem em vantagem. A retórica de que a condição física pesa não é mero detalhe: ela sinaliza que o treinador vê pouco espaço para jogadores que não entreguem desempenho pleno em cada convocação. A preferência pela funcionalidade sobre a grife reconfigura a própria hierarquia da seleção.
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O impacto é duplo. No curto prazo, Neymar arrisca se tornar personagem secundário num elenco em transformação, enquanto o Brasil ensaia um modelo menos dependente de individualidades. No médio prazo, a exclusão pode corroer a imagem pública do craque, hoje pressionado por críticos que o associam mais à irregularidade do que ao protagonismo. Para a CBF, a transição tem peso político: sustentar Ancelotti diante da pressão popular e dos patrocinadores exigirá firmeza, sobretudo se a equipe tropeçar em fases decisivas do torneio.
Minha leitura é que a seleção se beneficia dessa ruptura. A era do craque intocável perdeu relevância num futebol em que intensidade e disciplina coletiva ditam o sucesso. Neymar ainda pode oferecer talento raro, mas já não ocupa o pedestal incontestável. A decisão de Ancelotti, em vez de polêmica, parece uma correção de rumo. O Brasil, em 2025, não pode se dar ao luxo de depender da forma física e anímica de um só jogador. O futuro da equipe está na pluralidade, não na idolatria.
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