Doze anos se passaram desde aquele 5 a 4 lendário na Vila Belmiro, mas o nome de Neymar ainda ecoa quando o assunto é Flamengo. Nesta quarta (16), o craque volta a enfrentar o Rubro-Negro pelo Brasileirão, agora como camisa 10 do Santos, num reencontro que carrega mais do que rivalidade esportiva. A ausência de Pedro, em rota de atrito com Filipe Luís, adiciona um tempero à noite. Enquanto o clube carioca tenta manter o foco em campo, o reencontro com Neymar reacende velhos desejos da torcida — desejos que, embora nunca concretizados, sempre flertaram com a realidade.

Taticamente, o duelo é menos sobre o que Neymar representa em 2025 — fisicamente abaixo, com ritmo intermitente — e mais sobre o que ainda consegue produzir em zonas de decisão. Ele será escalado num sistema que prioriza sua liberdade, longe da marcação homem a homem, justamente para explorar os buracos defensivos do Fla, que vive instabilidade desde a pausa para a Copa América. Já do lado rubro-negro, a ausência de um centroavante fixo dá lugar à fluidez ofensiva de Bruno Henrique e Arrascaeta, apoiados por Allan e Pulgar. A noite promete espaços — e riscos.

📱 FEIRA DE SANTANA NOTÍCIAS 24H: Faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsApp

A relação entre Neymar e o Flamengo foi construída a conta-gotas. Começou com golaços sofridos, evoluiu para acenos públicos, visitas ao Maracanã, lives com ex-jogadores e até declarações diretas de carinho. Em 2022, o próprio camisa 10 disse em tom quase brejeiro: "Acho que sou flamenguista". Se era charme ou sinceridade, nunca saberemos. Mas em tempos de futebol cada vez mais mercantilizado, um jogador de elite se manifestar espontaneamente por um clube nacional carrega um simbolismo raro. Mesmo tendo voltado ao Santos, o elo afetivo com a Gávea permanece no imaginário popular.

Daqui da minha trincheira, onde já vi Romário ser vaia e aplaudido no mesmo jogo, digo com a experiência de quem já narrou muito Fla x Santos: o campo tem memória. Neymar e Flamengo se tornaram personagens de uma história que nunca chegou ao capítulo final. Talvez por escolha, talvez por circunstância. Mas enquanto houver bola rolando, o torcedor seguirá imaginando o que teria sido. E, como se diz em noite de chuva miúda no Barradão, "se não foi dessa vez, o destino ainda pode aprontar das suas".