SAFs mudam essência do futebol brasileiro
Entre paixão e lucro, clubes repensam sua própria identidade
O futebol brasileiro vive uma virada de página histórica. A adoção das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), criada pela Lei nº 14.193/2021, alterou a estrutura centenária de clubes que antes funcionavam como associações civis sem fins lucrativos. De acordo com dados recentes, 63 clubes já migraram para o modelo empresarial, espalhados em 21 estados. Cruzeiro, Botafogo, Vasco e Bahia simbolizam essa nova era, que mistura profissionalização, investimentos milionários e um afastamento gradual das velhas práticas amadoras.
Em campo e fora dele, o impacto é nítido. As SAFs introduziram governança corporativa, controle de gastos e metas de desempenho, transformando o futebol em negócio estruturado. O Cruzeiro, primeiro a aderir, renasceu sob o comando de Ronaldo Fenômeno. O Botafogo voltou a competir no topo com John Textor. O Bahia, agora parte do Grupo City, investe pesado em estrutura e elenco, tornando-se vitrine de um projeto global. Por outro lado, a lógica financeira redefine o jogo: decisões são tomadas por acionistas, e não por torcedores ou conselhos tradicionais.
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As consequências vão além das quatro linhas. O torcedor, antes coproprietário simbólico do clube, hoje se vê espectador de estratégias empresariais decididas em reuniões de investidores. O ingresso encarece, o pertencimento diminui, e o abismo entre clubes ricos e pobres cresce. Ainda assim, as SAFs representam, para muitos, a última chance de salvar instituições endividadas e reerguer o futebol nacional sobre bases sustentáveis. O desafio é fazer isso sem diluir o caráter popular que sempre foi a alma do jogo.
O risco está em perder a essência. O futebol é mais que gestão eficiente: é memória coletiva, paixão de bairro, herança afetiva. A modernização é inevitável, mas precisa preservar o que o dinheiro não compra. A SAF pode garantir equilíbrio financeiro, mas jamais substituirá o grito que atravessa gerações. No Brasil, onde a emoção sempre venceu a razão, talvez o verdadeiro sucesso seja encontrar o ponto em que o amor e a gestão possam, enfim, jogar no mesmo time.
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