O Vitória vive um paradoxo desconfortável no Campeonato Brasileiro. Enquanto luta para escapar da zona de rebaixamento, o clube baiano lidera outro ranking, menos nobre: o da indisciplina. Segundo dados do Gato Mestre, o Rubro-Negro acumula 102 cartões em 31 rodadas, sendo 95 amarelos e sete vermelhos. O número supera Corinthians, Juventude e Fortaleza e escancara o descontrole de um elenco que parece ter perdido o senso de limite dentro de campo.

A reincidência em faltas e reclamações transformou a equipe em refém de suas próprias ausências. Dudu, com média superior a um cartão por jogo, e Lucas Halter, com nove advertências, simbolizam o problema. As constantes suspensões vêm desmontando a estrutura tática idealizada por Jair Ventura, que tenta equilibrar um time fragilizado entre ajustes emergenciais e a necessidade de competir em alto nível. A consequência é um Vitória que se defende mais do que propõe e joga pressionado por erros recorrentes.

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As suspensões sucessivas cobram um preço alto na tabela. O clube está no Z-4 desde a 18ª rodada e, com apenas sete jogos restantes, a margem para reação é mínima. Cada rodada sem peças importantes amplia o risco de queda e compromete o discurso de estabilidade do treinador. Controlar o temperamento virou questão de sobrevivência, não apenas de disciplina esportiva.

A reincidência de cartões denuncia mais do que impulsividade. É reflexo de um time nervoso, taticamente desgastado e emocionalmente vulnerável. Jair Ventura precisa recuperar o controle psicológico do grupo antes de qualquer ajuste técnico. Caso contrário, o Vitória corre o risco de afundar não pela falta de futebol, mas pela ausência de autocontrole. 

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