Capacitação busca agilizar atendimento a mulheres vítimas de violência

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Capacitação busca agilizar atendimento a mulheres vítimas de violência

Para maioria das vítimas, não é fácil ser identificada como uma 

Crédito: Mário Sepúlveda/FE

Com base nos altos índices de atendimento à mulheres vítimas de violência doméstica, o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), realiza conjunto de ações alusivas à campanha Agosto Lilás, que celebra aniversário de criação da Lei Maria da Penha. Uma roda de conversa e distribuição de fitas na cor lilás ocorreu na quinta-feira (25), onde foi promovido debate com funcionários, acompanhantes e familiares que buscaram atendimento na instituição.

De acordo com Natália Menezes, coordenadora do setor jurídico do HGCA, o objetivo é promover acesso ao conhecimento, debater, conscientizar e ajudar as vítimas a buscarem ajuda para além do atendimento médico. "Estamos realizando essa roda de conversa para debater, trazer a conscientização, principalmente, das funcionárias, para os tipos de violência e formas de agir. Convidamos a Dra. Clécia Vasconcelos, titular da Delegacia Especializada Atendimento a Mulher (Deam), DR. Wagner Ribeiro, juiz da Vara de Violência Doméstica e Familiar da Comarca de Feira de Santana, também a coordenadora do Serviço de psicologia, Laila Nogueira, a Coordenadora do Serviço Social, Rosangela Adorno entre outros", conta.

A jurista explica que, para a maioria das vítimas de violência doméstica, não é fácil ser identificada como uma vítima. "Após uma escuta qualificada, um atendimento humanizado, a gente consegue colher dessa paciente o relato da violência. O mais curioso é que, em muitos casos, a mulher chega acompanhada para o primeiro atendimento de seu próprio agressor. Aqui a gente recebe muitas mulheres vítimas de violência, consegue identificar e também se transforma em porta de entrada para atendimento de vítimas de violência sexual", relata.

Menezes ressalta que o crescente crime de feminicídio é uma tragédia anunciada e que costuma começar por uma violência moral. Ela também alerta que 70% dos casos de violência contra mulher, o agressor está dentro de casa. "A gente identifica que essas mulheres se sentem coagidas por seus agressores e não se sente a vontade para denunciar. Seja porque dependem financeiramente, ou porque tem um filho com ele ou mesmo pela dependência emocional". A advogada acrescenta que o ideal é que essa mulher procure ajuda profissional psicológica para conseguir identificar e quebrar o ciclo da violência.

Rosângela Carneiro, coordenadora da Assistência Social do HGCA, defende a importância da informação no combate a violência. "A gente precisa falar sobre o tema da violência contra mulher. Os números que temos recebido no hospital: 203 casos no período de janeiro a 10 de agosto, de notificações de casos de violência. Desse 203, 142 foram mulheres. Precisamos, cada vez mais, tocar no assunto para sensibilizar os funcionários que atuam para que a gente atenda bem essa mulher e dê sequência a assistência para que ela saia da situação. Precisamos que ela se sinta segura e esse acolhimento é fundamental. Temos psicólogos na unidade que oferecem também um suporte", detalha.

Wagner Ribeiro, Juiz da vara violência doméstica, participou do evento e alertou para importância de ações como essa. "Realmente muito importante conversar diretamente com a comunidade a respeito de violência, as formas de agir, onde procurar, quais órgãos deve recorrer. Eu classifico como muito válido esse encontro que fizemos", afirma.

A delegada Clécia Vasconcelos titular da Deam de Feira de Santana que também prestigiou a ação, reforça a importância que o debate se expanda a todos os ambientes. "É sempre bom e necessário debater o tema em todos os ambientes, seja numa instituição como HGCA, também em instituições privadas, nas entidades educacionais. É um problema gritante e comum (dada a frequência), mas não pode ser visto como algo normal", alerta.
 

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Sexta, 26 Abril 2024

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