Consumidores denunciam agência de viagens de Feira de Santana
Cliente reclama do tratamento da empresa e acusa de golpe
Uma viagem em um feriado para um paraíso baiano, a cidade de Porto Seguro, que prometia momentos relaxantes e de tranquilidade, virou dor de cabeça e prejuízo. O roteiro que era para ser explorado no feriado de Tiradentes, em abril, foi remarcada para setembro, até que foi cancelada. O relato é da dentista Layane Alves, uma das clientes de uma empresa sediada em Feira de Santana, com 27 mil seguidores no perfil do Instagram, que reclama do tratamento da empresa e acusa de golpe, pois nem viagem, nem ressarcimento dos valores investidos.
"Assinei asse pacote de agência de viagens que ocorreria lá no feriado de Tiradentes. Só que teve uma chuva e eles adiaram falando que a cidade não dava para estar com turistas e que iam remarcar essa viagem para setembro. Quando deu o primeiro dia de setembro eles falaram que não ia ter mais viagem, ou seja, faltando menos de sete dias, né? E falaram que ia gastar quarenta e cinco dias pra reembolsar e falaram que esse ano não fazer mais viagem nenhuma. Depois disso eles mandaram essa mensagem no WhatsApp e eu tentando entrar em contato com eles e eles nunca mais me responderam", comentou a cliente.
Apesar do perfil na internet mostrar pessoas felizes e cenários paradisíacos, a realidade para a denunciante e outas pessoas foi outra. "Eu comecei a olhar na página do Instagram que tinha muitas pessoas com a mesma reclamação e ai fizemos um grupo [são 39 pessoas] e percebemos que eles fazem isso com várias pessoas, viagens para o Rio Grande do Norte, viagem para Maceió, tem famílias que cinco pessoas foram lesadas, dez pessoas foram lesadas. Vamos para delegacia prestar queixa e vamos entrar uma ação na Justiça", comentou Alves. "Muitas pessoas já começaram a dar queixa", resumiu.
Assim como Layane, muitas outras pessoas se dizem vítimas da mesma agência, inclusive manifestaram suas reclamações através de postagens no perfil (@folhadoestadoba) no Instagram.
"Passei pelo mesmo, mas pelo menos o valor foi pouco. Uma excursão para a Praia do Forte que eles desmarcaram e nem comunicaram. Só fiquei sabendo através de uma amiga que ligou para eles pedindo informações dessa mesma viagem", reclama Manuela Cabral.
Já Maiane Lima, conta que desistiu da viagem baseada em cláusula contratual de devolução ou crédito da viagem, mas não receberam a garantia.
"Eu e mais duas pessoas compramos um pacote de viagem com eles e acabamos desistindo de ir, tínhamos a opção de ter o dinheiro de volta perdendo 30% do valor ou deixar o valor integralmente como crédito para próxima viagem. Optamos por ter o valor devolvido, mesmo perdendo percentual, mas eles pediram prazo para devolução (que já acabou) e até hoje nada. Nem respondem as mensagens", denuncia.
O advogado Emanuel Almeida, especialista em defesa do consumidor, orienta as vítimas que entrem com ações de danos individuais.
"Eu não oriento as vítimas que entrem com ação coletiva, onde todos os lesados entraram juntos. É interessante que cada um entre por si só, porque a justiça vai aferir o dano de cada um, as vezes o pacote de um foi maior que do outro e se for uma ação coletiva, seria uma única indenização para todos. O ideal é que cada lesado entre com seu processo, com seu advogado de confiança para que não seja ainda mais prejudicado que já foi", explica.
O jurista salienta que neste cenário, há dois aspectos: "Há o aspecto penal, da questão do estelionato, então cada um que foi lesado deve se direcionar a delegacia e fazer a denúncia sobre o crime e também buscar a via civil, que é o processo por dano moral, para ser indenizado pelos danos gerados pela empresa", aconselha.
Almeida ressalta que esse tipo de fraude é bem recorrente e o consumidor, majoritariamente, é lesionado. Ele dá dicas para que os compradores tentem se proteger em situações semelhantes.
"Para se proteger de situações como essas, é o contrato. Infelizmente, é um dos poucos recursos. Tendo o contrato, as conversas todas registradas, os pagamentos e comprovantes guardados, são formas de deixar tudo bem documentado, para que caso, exista o descumprimento, tenha como provar e deixar tudo claro para uma possível contestação. Esse tipo de eventualidade não é o que se espera quando o cliente pensa em viajar, ele quer curtir aquela viagem, você deposita uma expectativa positiva naquela empresa porque você pesquisa antes e, de repente, se encontra em tal situação e se vê perdido porque não fez um contrato, não pesquisou devidamente a empresa, não viu a reputação e etc", detalha.
O jornal Folha do Estado tentou entrar em contato com a agência e o setor jurídico da empresa se comprometeu em responder a reportagem em breve.
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