Entenda o que provocou superlotação em unidades de saúde pública em Feira de Santana

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Entenda o que provocou superlotação em unidades de saúde pública em Feira de Santana

Ações paliativas foram aplicadas para tentar minimizar os danos à população 

Crédito: Divulgação

A restrição no atendimento nas unidades de saúde municipal em Feira de Santana, causada pelo atraso salarial dos médicos e demais funcionários, têm impactado diretamente as unidades de saúde administradas pelo governo estadual. O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) estão superlotados, ocasionando o que os gestores classificam como colapso da saúde local, Cristiana França, diretora do HGCA, diz que a restrição de atendimentos na rede municipal afetou diretamente os atendimentos do local.

"Tivemos uma reunião com a secretária estadual de saúde para tomarmos algumas providências, inclusive, da superlotação, não só do HGCA, mas também da UPA estadual e ela autorizou, junto com o governador Jerônimo, a abertura de 30 leitos no hospital. Continuamos a receber pacientes que poderiam estar sem essa condição nas unidades de saúde se nós tivéssemos trabalhando em cima de prevenção. Quem faz a prevenção é a atenção básica de saúde que fica a cargo das prefeituras. Então a gente vê muito paciente que chega com pé diabético por falta de acompanhamento dessas equipes, com hipertensão arterial, AVC, enfim. Tudo que chega nas unidades de saúde como emergência, a gente sente a falta do poder das prefeituras, principalmente, em Feira de Santana", diz.

Roberta Santana, secretária estadual da saúde, diz que convocou o judiciário para cobrar providências do governo municipal. A secretária diz ainda que ações paliativas foram aplicadas para tentar minimizar os danos à população. "O colapso provocado nos últimos dias pelas Upas e Policlínicas, geridas pelo município de Feira de Santana, provoca reflexo de superlotação nas unidades geridas pelo estado. Diante desse cenário, noticiamos a situação ao Ministério Público e realizamos no último domingo (16), uma reunião para elaboração de um plano de contingência para as unidades do estado. De imediato, para reduzir a superlotação, remanejamos pacientes para unidades de Itaberaba, Camaçari, Alagoinhas e Santo Antônio de Jesus. Enviamos reforço de ambulância e conseguimos de forma emergencial viabilizar 30 leitos de retaguarda, no Hospital Dom Pedro que já recepcionou esses pacientes. Aguardamos as providências imediatas do município para restabelecimento da saúde", explica.

REBATEU

O prefeito Colbert Martins, em entrevista ao veículo 'Blog do Velame', negou a jurisprudência da prefeitura de Feira de Santana nos problemas da saúde no município e atribuiu as questões mencionadas ao governo do estado.

"Do dia 05/06 até dia 17/07, realizamos aqui 210 mil atendimentos de emergência nas nossas Upas e Policlínicas. O que atrapalha Feira de Santana é o governo do estado não realizar regulações. Na última segunda-feira o governo do estado fez 9 regulações pela tarde. Temos hoje (terça) 29 pessoas e na semana passada eram 48. Temos tantas pessoas hoje que podem dar vagas a outros. O Hospital da Mulher está lotado do ponto de vista de 70 municípios, como também nossas UTIs lotadas. Nossos hospitais são portas abertas, o Hospital Estadual é que tem portas fechadas. Se chegar uma gestante para atendimento lá eles não irão atender, mandam tudo para Hospital da Mulher", reclama.

José Nunes, comerciante, conta que nos últimos dias testemunhou uma intenção de lotação no HGCA e Upa, onde vende lanches, diz que foi preciso acionar a Polícia Militar para conter os tumultos. "Um rapaz perdeu a paciência porque ficou o dia inteiro aguardando atendimento para a mãe idosa e não tinha conseguido. Ele ameaçou quebrar tudo e foi segurado pela polícia que passou a ficar na recepção direto depois disso", conta.

Ministério Público

No dia 15 de julho de 2023, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, através da Promotora de Justiça AMANDA BUARQUE, no uso de uma de suas atribuições, pediu explicação a Prefeitura Municipal de Feira de Santana quanto ao movimento de restrição de atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento e Policlínicas deflagrados pelos médicos da rede municipal de Saúde do Município de Santana está impactando diretamente na prestação do serviço de saúde ofertado pelo Estado, em especial no Hospital Geral Clériston Andrade e nas Unidades de Pronto Atendimento. O órgão pediu prestação de contas e providências quanto à situação da saúde municipal de Feira de Santana, como servidores paralisados nas suas atividades por falta de pagamento dos salários, faltas de insumos e problemas estruturais nas unidades de saúde, além de falta de ambulância, principalmente, nos distritos.

"Ao Chefe do Executivo Municipal de Feira de Santana e ao Secretário Municipal de Saúde de Feira de Santana a adoção das medidas cabíveis para garantir que as atividades de saúde em áreas tidas como essenciais (urgência, emergência e UTIs) mantenham-se integralmente preservadas e as demais em funcionamento com o número de profissionais necessários para garantir acesso e assistência aos pacientes, enquanto durar o movimento reivindicatórios dos médicos da rede municipal de saúde. Deve o Gestor Municipal e o Secretário Municipal encaminhar ao Ministério Público, no prazo de 24h (vinte quatro horas), as informações relativas às providências adotadas para o cumprimento das medidas recomendadas, justificando e comprovando eventual impossibilidade de atendê-las, se necessário, o Ministério Público adotará as medidas judiciais cabíveis para assegurar o fiel cumprimento desta Recomendação, sem prejuízo da apuração de eventual responsabilidade daquele cuja ação ou omissão resultar na violação dos direitos da população".

 

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Quarta, 15 Mai 2024

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