Feirense de 85 anos cola grau em Direito e emociona familiares

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Feirense de 85 anos cola grau em Direito e emociona familiares

Avelina Conceição Vaz já possui formação em Saúde

Crédito: Acervo pessoal
Dentre vários universitários, de várias faculdades e universidades situadas em Feira de Santana, uma senhora de cabelos brancos chama a atenção na formatura de Direito. Aos 85 anos, Avelina Conceição Vaz, não deixa a idade influenciar na sua sede de conhecimento e na quinta-feira (9), pela manhã, em em formato de drive thru, ela colou grau em seu segundo curso de nível superior, uma vez que já possui formação em Saúde.

Natural de Feira de Santana, moradora do bairro do Feira VII, Avelina, que dedicou sua vida inteira a cuidar de outras pessoas, hoje se diz realizada. "Essa é uma realização pra mim. Eu tenho formação em Saúde, trabalhei 26 anos e oito meses, na área de saúde,18 anos, na área de psiquiatria e não esperava mais fazer outro curso ou outra atividade, mas cá estou eu. A gente pensa que quanto mais Deus nos dá anos de vida, mais a gente deve pensar no outro e em ajudar alguém. O meu objetivo de vida foi isso, desde a minha área de Saúde", fala.

Apoiada por toda a sua família, composta por filhos e netos, Avelina conta sua trajetória até o tão esperado canudo. "Há uns sete anos atrás eu tive uma Chikungunya e fiquei com a mente meio ruim e aí eu passei no meu geriatra, que conheci na faculdade quando ainda fazia enfermagem. Ele veio fazer duas palestras aqui em Feira de Santana e fez uma série de exames em mim, o resultado foi que os meus neurônios estavam apagando. Como remédio, ele me receitou que fosse fazer uma atividade que exercitasse a mente e que não fosse algo para a terceira idade, como crochê, porque não iria resolver", explica.

Segundo ela, o médico sugeriu um curso qualquer, mas ela já tinha um caso de amor antigo com a nova formação. "Eu já pensava em Direito em 1900 e não sei quanto, mas não tinha mais esperança de cursá-lo. Ao longo da vida, minha história acabou se cruzando com o Direito, como quando dois conhecidos da minha família que teve problema de justiça e cumpriram até pena, e eu fiquei indo em vários lugares, com 78 anos, mas eu não sabia de nada e fui nesses lugares avulso. Depois dessa situação disse: 'vou fazer um cursinho'. Com dois meses e meio fiz o ENEM, mas não consegui a nota para Direito. Fiz UEFS e também não consegui. Foi então que fui aprovada na FAN e com cinco anos estou saindo, mesmo com todas as dificuldades", disse.

Durante os cinco anos de graduação, Avelina enfrentou dois internamentos, uma fratura no pé, na faculdade. Ficou impossibilitada e teve que ir a faculdade, por três semanas, de cadeira de roda, teve trombose na perna.

Enfrentou também, nesse período, uma doença de seu filho mais velho. "O TCC eu fui fazer em um período que o meu filho mais velho já estava já bem doente, ficou dois meses e meio naquela turbulência toda e eu estudando. Ele pedia para que descansasse que fosse dormir e que não ficasse estudando. Mas, entreguei a situação nas mãos do Espírito Santo. Então eu cheguei lá e, graças a Deus, eu tive nota 10 com aplauso", conta ela sobre o TCC e o falecimento seu primogênito, por um câncer no fígado.

A nova bacharel em Direito pretende continuar seu processo de aprendizado, prestando o exame para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Eu falei na apresentação do meu TCC que peço a Deus que me dê o direito de ficar em um lugar público para fazer alguma coisa por alguém. Se Deus me conceder essa oportunidade de poder ajudar, eu agradeço", conclui.

 

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Terça, 23 Abril 2024

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