Na manhã desta terça-feira (27), um grupo de mulheres realizou um protesto na Câmara Municipal de Vereadores de Feira de Santana, solicitando a permanência da delegada Maria Clécia Vasconcelos, à frente do cargo de titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

A exoneração foi divulgada, no último sábado (24) no Diário Oficial do Estado da Bahia (DOE). Na publicação também informa que Clécia Vasconcelos deverá assumir a Delegacia do Adolescente Infrator (DAI), cargo que antes era ocupado pela delegada Danielle Lima Matias dos Santos, a qual assume agora a titularidade da 2ª Delegacia Territorial (DT) de Feira de Santana.

A presidente da União Brasileira de Mulheres, Dart Clair, afirmou que a manifestação pede a permanência da delegada, por entender que ela já tem um trabalho consolidado à frente da Deam e esse ciclo pode ser quebrado.

Representantes da OAB em Feira de Santana também participaram do protesto. Para a advogada Carla Pacheco, a decisão precisa ser revertida.

"A decisão da exoneração da doutora Clécia do seu cargo dentro da Deam, passando-a para trabalhar em outra delegacia, em outra matéria, é um absurdo. Ela conhece amplamente a matéria das mulheres e vem encabeçando projetos de forma extraordinária, a exemplo também do Varal Solidário, criado por ela, onde podemos doar roupas para mulheres em situação de violência, que saíram de casa com a roupa do corpo, rasgada, que precisam de uma entrevista, procuram uma roupa para vestir e não têm, mas neste varal tem, como também tem materiais de higiene, absorventes, sapatos. O nosso clamor é pela continuidade de um trabalho, que é de excelência", defendeu. 

A advogada Flavia Pacheco ressaltou ainda a diminuição dos números de violência contra a mulher, durante o período em que Clécia esteve à frente da delegacia.

"Nosso clamor é pela permanência dela à frente da Deam. No adágio popular diz que em time que está ganhando não se mexe. Por que vamos retirar uma delegada que tem um trabalho tão sólido na sociedade. Com a participação dela, o número de feminicídios caiu. Ela é o primeiro nome quando se fala em combate à violência contra a mulher. Tem expertise no estudo, domina amplamente a Lei Maria da Penha, além de toda a lei penal e criminal do nosso estado democrático, além do trabalho social realizado no município, de conscientização, pois o combate à violência passa pela mudança de mentalidade também das pessoas", salientou.