Mesmo com chuvas, produção agrícola está pequena em Feira de Santana

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Mesmo com chuvas, produção agrícola está pequena em Feira de Santana

Volume de chuvas é considerável, mas não é esperada boa produção 

Crédito: Divulgação
As chuvas que caíram nos últimos dias na região de Feira de Santana não estimulam os produtores rurais da região. Isto porque, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana, o uso indiscriminado de herbicidas e agrotóxicos está causando o empobrecimento do solo e gerando perda para os agricultores. A categoria alega que mesmo com considerável volume de chuvas dos últimos dias, não prevê boa produção para 2023.

Conceição Borges, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, diz que a zona rural de Feira de Santana vem acumulando perdas no que diz respeito ao volume da produção e que eles já acionaram os órgãos competentes. "É uma situação real porque quem vai à zona rural de Feira de Santana, por exemplo vai constatar que caju e manga, frutas típicas desta época têm pouca produção. O volume de chuvas do final do ano passado e o começo deste ano foi bom, porém o nosso solo está empobrecido de nutrientes, sentimos falta de um trabalho mais elaborado por parte das autoridades de uma análise mais profunda para preparar o solo melhor para situações como esta: ter chuva em abundância, mas preparo faz com que se tenha produções modestas", argumenta.

A sindicalista acredita que um dos motivos para o empobrecimento do solo tem a ver com o uso indiscriminado de agrotóxicos. "Muitos fazendeiros aplicam em seus solos de qualquer jeito e isso implica que esta falta de cuidado afeta pequenas propriedades rurais comprometendo suas produções de subsistência. Já protocolamos junto ao Poder Público pedidos para que aconteçam fiscalizações, já denunciamos algumas situações que nos foram relatadas por vários trabalhadores, mas até então nenhuma medida foi adotada", afirma.

"O Estado investe em maquinário, em outras questões de infraestrutura, mas falta um estudo mais aprofundado sobre o solo para que ele seja trabalhado no sentido de no tempo certo produzir o que se espera. O Município também por sua vez precisa de ações mais efetivas, não é somente distribuir sementes", complementa.

Conceição Borges alerta para uma grave consequência. "Daqui a um tempo o trabalho no campo pode parar porque quem está hoje nas roças trabalhando, logo se aposentará e o jovem por sua vez não tem interesse em dar sequência, pela falta de condições de trabalho. Os governos precisam se atentar para isso porque nada for feito, teremos gravíssimos problemas mais adiante", alertou.

Seagri ressalta discussões conjuntas para elaboração de projetos

Em resposta à Conceição Borges, o secretário Municipal de Agricultura, Recursos Hídricos e Desenvolvimento Rural (Seagri), Pedro Américo, diz que faz política pública, de fato, ouvindo as pessoas. Segundo ele, a secretaria se reuniu com o Sindicato dos Agricultores e também com o Sindicato dos Produtores, no final do ano passado. "O objetivo foi elaborar um planejamento para secretaria. Elaboramos esse planejamento, organizamos quarenta e sete programas importantes para Feira de Santana e, temos aí, Conceição Borges sabe disso, editais novos. Eles são ligados a recuperação e análise do solo, tem outro ligado a assistência técnica, também um edital para contratar as associações. Então tem muita coisa boa que a gente planejou e que está saindo agora. Essa solicitação também está acontecendo, mas ela diz que nada sai do papel. Aí tem um equívoco", rebate o gestor.

Américo ressalta a parceria que a Secretaria de Agricultura fez com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEB), para fortalecer e qualificar o agricultor. "A gente já fez mais de quinze cursos que já foram executados pelo programa que a gente montou na nossa gestão. Nós chamamos o Banco do Nordeste, montamos uma parceria importante para fomentar o crédito na zona rural, onde as próprias comunidades montam seu banco comunitário. Isso está rodando em várias associações, já fizeram vários grupos e temos um técnico da secretaria acompanhando. Ele está fazendo assistência técnica, visitando os lugares da zona rural, fez um estudo agora sobre a questão do milho e feijão. Inclusive, apresentou relatório sobre a possibilidade da gente não fazer a distribuição de sementes de milho e feijão, como foi sempre foi feito. A gente vai mudar essa política, discutindo. Há muito projeto, muita coisa boa", rebate.

O secretário fala ainda a respeito da sustentação das denúncias de uso irregular dos agrotóxicos. "Eu acho que a gente tem que sair do discurso e trabalhar para ajudar a resolver o problema. Eu enquanto vereador sempre dizia isso. Se está usando agrotóxico, cadê a denúncia do lugar, qualificando a pessoa para polícia investigar? Acho que primeiro a gente precisa sair do discurso e ir pra prática. Eu a respeito ouvindo as opiniões, inclusive dela, ideias que ela colocou, projetos que ela sugeriu junto com todo sindicato, junto com os presidentes de associações, eu respeito muito. Mas a gente não pode achar que vai fazer a gestão fazendo discurso", defende.

O encarregado proclama que é preciso compartilhar a responsabilidade sobre a questão dos compostos e que, questões relacionadas à agricultura municipal, não são responsabilidade exclusiva da pasta. "Tem muito aquela lógica de que a Secretaria de Agricultura é responsável por tudo na zona rural. Não, nós precisamos separar as coisas. O que eu estou tentando dizer é que a Secretaria tem o papel do desenvolvimento rural, de fomentar, identificar esse problema do agrotóxico. Mas a Secretaria de Agricultura não pode notificar, ela não pode multar, ela não pode prender. Quem pode fazer são os órgãos ambientais. O INEMA, o IBama e também a Secretaria de Meio Ambiente", justifica. 

 

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Terça, 14 Mai 2024

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