Ainda de acordo com os comerciantes, a Prefeitura comunicou que os mesmos serão transferidos para outro local, mas ainda não foram informados qual será a nova área de instalação nem quando isso irá ocorrer. "Eu tenho essa propriedade há mais de 20 anos, vivo dela. Eu acho que a prefeitura está tomando medidas precipitadas onde nós que precisamos do nosso reconhecimento, enquanto proprietários, seremos prejudicados. Eles precisam nos dar uma condição de trabalho, se puderem nos remover para um local que seja adequado, devem nos apoiar para que a gente consiga se estabelecer, em um local coberto, onde a gente possa colocar o nosso material e continuar com nosso sustento", reclama Almiro Sérgio dos Santos.

Já a comerciante Selma Jesus, que também trabalha no local por décadas, conta que a barraca é responsável não só pela renda dela, como também do filho. "O comércio é meu há mais de 20 anos, tanto meu quanto do meu filho, que trabalha comigo desde os 8 anos, a infância dele foi aqui no Feiraguay. Com muita luta adquirimos este ponto e hoje fomos surpreendidos com essa ação, onde temos apenas 48 horas para sermos removidos. Meu filho nem está aqui, ele está viajando e a lojinha dele está repleta de mercadoria que eu não tenho onde colocar. Eles dizem que estão limpando uma área ali atrás para que a gente reloque a mercadoria, mas enquanto isso, o que iremos fazer? Por que não permanecemos aqui até eles realmente terem um local para nos colocar? Precisamos ganhar o pão de cada dia, não temos nada escrito, nada de garantias. Nunca nos convocou para nada, ficamos sem saber. Se o solo é público, porque a prefeitura não pensa em nós, chefes de família que vivemos disso", indaga a comerciante.

Kátia Ferreira, secretária municipal de Desenvolvimento Urbano, disse que realmente a área será desapropriada para a construção de um shopping. "Realmente vai acontecer. As pessoas que estão na área pública já foram notificadas e estão sabendo há algum tempo. A construção que vai acontecer é um shopping que vai beneficiar muito aquela região toda, empresários que estão construindo vários lugares do Brasil e começou a construção, mas a obra estava impactando nas barracas vizinhas e seria prejudicial para eles. Então, os empresários fizeram um acordo com o município, um termo de doação, onde irão construir um local para essas pessoas, que seja organizado e bonito, para liberar a área".

A secretária diz ainda que se trata de uma área pública e que a mudança será para o bem dos comerciantes. "Eles estão de uma maneira precária no local, inclusive, vão para um lugar novo, próximo dali, onde as obras já foram iniciadas, o paisagismo está sendo adequado e eles terão uma concessão de uso, e terão também um lugar organizado. Eles receberão uma ajuda enquanto estiverem parados, durante o tempo da obra ficar pronta, os empresáriosirão oferecer um salário mínimo e isso consta no termo de doação". Ela conclui afirmando que a construção das barracas será feita pelos empresários e estes vão doar ao município e o poder público vai distribui-las aos comerciantes que serão relocados.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semmam), diz que não recebeu nenhum pedido de requerimento para retirada de árvores.