Príncipe nigeriano visita Feira de Santana e programa retorno para Micareta

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Príncipe nigeriano visita Feira de Santana e programa retorno para Micareta

Babá Adimula conseguiu realizar o antigo sonho de conhecer a Bahia

Crédito: Lila Oliveira/FE
O príncipe da cidade de Ilê Ifé, capital do povo Yorubá na Nigéria, Rasheed Adewale Adefioye, 53 anos, conhecido como Babá Adimula, foi o convidado de honra no encontro Miss Afro Feira de Santana 2023. O evento ocorreu no último domingo (5), com participação da coordenação e participantes do Concurso, realizado no auditório do SESI no Alto do Cruzeiro.

Em entrevista exclusiva para a Rádio Geral e o Jornal Folha do Estado, Adefioye, que é naturalizado brasileiro, conta que estendeu sua visita a Feira de Santana, visitou órgãos públicos, o bairro Rua Nova entre outros e que voltará à Bahia especialmente para participar da Micareta 2023 para ver o bloco Ilê Aiyê. "Vamos embora antes do Carnaval, mas voltamos para o Micareta, já que esse ano a Associação Cultural do Movimento Afro de Feira de Santana trará o Ilê Aiyê", conta.

Apesar de residir há mais de 23 anos no Brasil, no estado de São Paulo, só agora o príncipe de Ilê Ifé, devido a uma intensa agenda de compromissos, conseguiu realizar o antigo sonho de conhecer a Bahia. Ele desembarcou em Salvador, onde visitou diversos pontos turísticos e veio a Feira de Santana.

"A Bahia é muito importante para nós nigerianos, o Brasil inteiro. Existe uma coisa na lembrança quando passávamos por uma guerra civil, que ninguém conseguia resolver e quem conseguiu foi Pelé. Em um jogo entre Santos e um time da Nigéria, conseguiu o que ninguém tinha conseguido que foi parar o conflito. Brasil para nós é um país que a gente vê como filho ou um irmão", destaca.

Na oportunidade, o príncipe explicou sobre questões raciais, religiosas e culturais que nos ligam ao continente africano, sobre o território de Ilê Ifé que, segundo ele, é a Meca ou Jerusalém para o povo do candomblé. "Há 15 dias que eu estou aqui, todos os lugares que eu vou, sinto a Nigéria dentro da Bahia e me sinto em casa. Nem quero ir embora. A minha voz chegará na Nigéria e todo o povo também irá querer conhecer esse lugar. Aqui tem tudo que conhecemos como acarajé, mas chamamos de acará. Na nossa língua 'Je' significa comer, então acara 'Jé' é para comer, em uma tradução livre seria 'venha comprar acará para comer' ", explica.

Babá Adimula diz que veio conhecer o MovAfro e acrescenta que o movimento está desassistido pelo poder público. "E como príncipe me sinto triste, acho que as meninas do (MissAfro) deveriam ser tratadas como rainhas. Todos os outros movimentos precisam ser vistos. Peço ao governo que olhe bem e ajude esse povo, para que os eventos sejam conhecidos no mundo inteiro até na Nigéria", apela. Rasheed Adewale conta que não vê o Brasil como um país no exterior, pois ele se reconhece na nação.

"Não é como se eu estivesse em outro país, eu venho aqui para abraçar meus irmãos, meu povo. Antes o povo era escravizado e hoje estou aqui para rever. Sinto vontade na rua de abraçar pessoas. Fui a um restaurante que tem uma maniçoba famosa aqui, perguntei se poderia ser filho da proprietária e ela disse que eu já era seu filho. Emocionante", descreve. 

 

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Sexta, 26 Abril 2024

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