HRW acusa Trump de politizar e omitir abusos em relatório dos EUA

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HRW acusa Trump de politizar e omitir abusos em relatório dos EUA

HRW acusa governo Trump de omitir categorias e suavizar críticas no relatório anual de direitos humanos do Departamento de Estado 

Human Rights Watch (HRW) alertou que a omissão de trechos no relatório anual de direitos humanos do Departamento de Estado dos Estados Unidos e a manipulação de informações sobre abusos em determinados países enfraquecem e politizam o documento.

O relatório, divulgado nesta terça-feira (12), deixou de incluir diversas categorias de violações presentes em edições anteriores, como abusos contra mulheres, comunidade LGBTI, pessoas com deficiência, casos de corrupção governamental e restrições à liberdade de reunião pacífica, informou a HRW em comunicado.

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Segundo a organização, ao comprometer a credibilidade do documento, o governo do presidente Donald Trump coloca em risco defensores de direitos humanos, enfraquece proteções para solicitantes de asilo e prejudica o combate global ao autoritarismo. "O novo relatório do Departamento de Estado é, em muitos aspectos, um exercício de maquiagem e engano", afirmou Sarah Yager, diretora da HRW em Washington.

Na edição referente a 2024, o governo Trump retirou críticas a El Salvador, Israel e Rússia, enquanto ampliou a censura a Brasil e África do Sul, considerados rivais políticos. A HRW destacou que o Departamento de Estado é obrigado a enviar ao Congresso um relatório anual sobre as condições de direitos humanos no mundo, mas que, nesta versão, o texto "atende apenas aos requisitos legais mínimos" e não reflete a realidade de violações em larga escala contra grupos inteiros de pessoas.

Com isso, o Congresso perde um instrumento abrangente e confiável para monitorar a política externa dos EUA e direcionar recursos. A organização frisou que muitas das seções omitidas são fundamentais para entender tendências e evoluções no cenário global de direitos humanos.

Sobre Israel, o documento não menciona o deslocamento forçado de palestinos em Gaza, o uso da fome como arma de guerra e a privação deliberada de água, energia e cuidados médicos — ações que, segundo a HRW, configuram crimes de guerra, crimes contra a humanidade e atos de genocídio.

No caso de El Salvador, para onde os EUA têm enviado migrantes para a prisão de segurança máxima de Cecot — alvo de denúncias por violações de direitos —, o relatório não encontrou "relatos confiáveis de abusos significativos".

O documento afirma ainda que a situação dos direitos humanos no Haiti e na Venezuela piorou em relação ao ano passado. Nesses países, bem como em Honduras, Nepal, Nicarágua e Afeganistão, há registros de prisões e detenções arbitrárias, tortura, maus-tratos, execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados, entre outras violações. Mesmo assim, a administração Trump cancelou o Estatuto de Proteção Temporária para cidadãos dessas nações, medida que, segundo a HRW, trazia benefícios significativos, inclusive no campo educacional.

"O relatório de direitos humanos do Departamento de Estado sempre foi uma base sólida, embora muitas vezes ignorada, para o apoio dos EUA ao movimento global de direitos humanos", afirmou Yager. Para ela, o governo Trump transformou o documento em "uma arma que faz autocratas parecerem mais aceitáveis e minimiza abusos cometidos em seus países". 

 

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Sábado, 01 Novembro 2025

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