Metanol: vinho e cerveja também podem estar contaminados?
A situação gerou dúvidas entre consumidores sobre a possibilidade de outras bebidas, como vinho e cerveja, também apresentarem risco de contaminação.
O Ministério da Saúde confirmou que pelo menos 59 casos de intoxicação por metanol foram notificados até a última quinta-feira (2). As ocorrências estão ligadas ao consumo de bebidas adulteradas como gin, uísque e vodca, segundo investigações do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A situação gerou dúvidas entre consumidores sobre a possibilidade de outras bebidas, como vinho e cerveja, também apresentarem risco de contaminação.
Especialistas explicam que o metanol pode surgir de duas formas no processo de produção de bebidas alcoólicas. A primeira é natural, durante a fermentação de frutas, como ocorre no vinho. A segunda, mais preocupante, acontece por falhas ou negligência na destilação, quando a primeira fração do destilado — rica em metanol — não é corretamente descartada. Além disso, há casos de adulteração intencional, quando a substância é adicionada para aumentar o rendimento da produção, elevando drasticamente os riscos à saúde.
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De acordo com técnicos do setor, os destilados, como cachaça, aguardente e whisky, são os mais vulneráveis a contaminações perigosas, principalmente quando fabricados de forma clandestina. Nesses casos, os níveis de metanol podem ultrapassar limites seguros, tornando-se altamente tóxicos.
No vinho, o metanol pode estar presente em decorrência da fermentação das cascas de frutas, como a uva, mas as quantidades registradas costumam ser baixas e não representam risco significativo para o consumo regular. Já a cerveja, bebida alcoólica mais popular do Brasil, dificilmente apresenta metanol em sua composição. Isso porque sua matéria-prima, a cevada, não gera a substância durante o processo de fermentação.
Durante coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira (2/10), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou que não há motivo para alarme em relação à cerveja. Ele destacou que o problema atual está restrito aos destilados adulterados. "Estamos diante de um crime envolvendo produtos destilados, incolores, onde se têm técnicas de adulteração desse produto que você não tem no caso de cerveja, que é uma bebida que tem a tampa, tem gás, e é muito mais difícil de adulterar", afirmou.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) corroboram essa avaliação. A concentração de metanol na cerveja varia de 6 a 27 mg por litro, patamar considerado seguro para o consumo humano. No caso dos destilados, esse índice pode chegar a 220 mg por litro. Além disso, por conta do processo de destilação, o metanol tende a se concentrar nessas bebidas, aumentando os riscos quando o procedimento não é realizado corretamente.
A situação envolvendo as intoxicações no Brasil acendeu um alerta sobre o consumo de bebidas de procedência duvidosa. As autoridades reforçam que os consumidores devem evitar produtos sem registro, vendidos a preços muito abaixo do mercado ou comercializados em locais de confiança questionável. O Ministério da Saúde e o Ministério da Justiça informaram que continuam as investigações para identificar os responsáveis pela adulteração e recolher os lotes contaminados.
Enquanto isso, especialistas recomendam cautela e atenção às orientações oficiais. Para as autoridades de saúde, embora o risco de contaminação em vinho e cerveja seja baixo, o episódio evidencia a importância da fiscalização e da compra consciente.
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