Cordelistas, escritores e repentistas relembram fatos que marcaram sua trajetória durante encontro no MAP
Participantes celebraram o Dia Municipal do Cordel e homenagearam o escritor de cordel Antônio Alves
O Mercado de Arte Popular de Feira de Santana (MAP) foi palco nesta quinta-feira (5) do I Encontro de Violeiros Repentistas, Repentistas, Cordelistas e Escritores. Além de mostrarem sua arte de valorização da cultura e das tradições nordestinas, os participantes celebraram o Dia Municipal do Cordel (7 de Junho) e homenagearam o escritor Antônio Alves, um dos maiores autores da literatura de cordel do estado da Bahia, que morreu aos 85 anos no dia 14 de agosto de 2013.
Um dos participantes, o cordelista Franklin Machado relembrou ao Folha do Estado, durante o encontro, os seus 500 folhetos já publicados e sobre os amores que inspiraram muitas de suas obras ao longo da vida.
"São 50 anos de produção, que comecei com 33 e já estou com 82 anos e meio. Declamei sobre a seca e outras coisas sobre o sertão. A gente escreve dependendo da ocasião e tem coisa de tabaréu, amor, vaquejada. Agora muda com o tempo."
Luiz da Atividade, cordelista e arte educador, em 40 anos de trajetória, já fez 1.300 xilogravuras. Ele montou sua banca no evento e falou sobre a responsabilidade que os artistas têm com o Meio Ambiente. "O que mais me inspira em minha arte é a natureza, a humanidade, o amor e a bondade."
O violeiro Domingos Santeiro nasceu no alto sertão de Sergipe, o quinto filho de 23 irmãos. Em cada verso cantado com sua viola, ele recorda um pouco da sua história e como venceu as dificuldades, se tornando um artista reconhecido internacionalmente.
"Fui criado em uma região muito pobre, em uma época muito difícil e tive o desprazer de ver cinco irmãs minhas morrerem de fome ou em meus braços. No ano de 93, cheguei em Feira de Santana, analfabeto, mas no ano de 2010 aprendi a assinar o meu nome. E no final daquele ano eu tinha 2 livretos de cordéis. Hoje tenho um antiquário e um espaço literário, que é um espaço cultural. Em 2016, fui professor de uma turma de Pedagogia na Uefs, ensinando poesia e educação integrada. No ano de 2017, dei aula na Universidade Federal de poesia e cordel. Em 2018, recebi o convite para ir a Macau, na China, e Portugal, mas aí chegou a pandemia e proibiu a gente de sair. Então comecei a escrever para empresas de Feira e outros estados. Quando a gente é analfabeto tem vergonha até de estar no meio das pessoas, e quando a gente vai aprendendo, cada cordel que a gente escreve é uma conquista e uma vitória. O cordel é eterno no Nordeste e quando escrevo, falo do nosso passado, presente e futuro", relatou.
Também presente no encontro de cordelistas e escritores estava o artista plástico Olívio Pacheco, que é de Salvador, mas reside há 8 anos em Feira de Santana. Ele contou sobre a experiência de expor os seus trabalhos pela primeira vez no Mercado de Arte.
"Esta é a primeira experiência que estou tendo de expor meus trabalhos no Mercado de Arte e está sendo um sucesso, mesmo que não venda nada, já estou feliz só pela recepção das pessoas. Parece até que todos já me conhecem há muitos anos. Estou muito orgulhoso de estar neste evento. Desde criança tenho esse hábito de desenhar e de alguns anos para cá me despertou a pintura. Já faz 12 anos e a cada dia vou melhorando um pouco mais."
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