Encontro enfatiza quebra do silêncio como ato anti-racismo nas escolas

EducaçãoFeira de Santana

Encontro enfatiza quebra do silêncio como ato anti-racismo nas escolas

O evento aconteceu no SESC Cultural 

Crédito: Mário Sepúlveda/FE
Na quarta-feira (26) aconteceu o I Encontro de Educação Antirracista que contou com participação de centenas de professores de diversos segmentos da Educação Infantil e EJA, da rede municipal de Ensino. O evento aconteceu no SESC Cultural e promoveu debate sobre racismo na educação e a importância de romper o silêncio.

Anaci Paim, Secretária Municipal de Educação, diz que a temática da africanidade é muito adequada a ser discutida no ambiente escolar e está, inclusive, estabelecida na legislação brasileira. "Está também na forma de abordagem de conteúdos das ciências humanas e sociais, mas a obrigatoriedade estabelecida por lei, não deve ser a nossa motivação. Que identidade de um povo e a cultura precisa ser cada vez mais divulgada, socializada, propagada, para que a nossa identidade seja realmente reconhecida, valorizada e fortalecida. Esta é uma iniciativa do grupo de diversidade, coordenado pela professora Railda, que realizou esse evento. A busca foi exatamente dar oportunidade de discussão da temática e levar experiências que são desenvolvidas em vários seguimentos, para as escolas, além de trazer, também, cabedal cultural que encontramos na nossa comunidade, para funcionar como uma via de mão dupla dessas ações", salienta.

A Professora Railda Neves, coordenadora do Núcleo de Inclusão e Diversidade, da Secretaria Municipal de Educação (Seduc), destaca que nesse primeiro encontro de educação antirracista, foi trabalhado a perspectiva da quebra do silencio diante do racismo. "Em relação ao que tem sido feito e ao que pode ser feito para fortalecer a luta contra o racismo, o silêncio é ʻgritante', porque as vozes diversas não são ouvidas, então precisamos construir espaços alternativos para que essas vozes sejam escutadas e se tornem respeitadas. Quando promovemos um encontro como este, convidando pessoas do corpo docente da região , independente do seguimento, da modalidade do componente curricular, a gente convida a todos a fazer o que eu costumo chamar de aquilombamento. Nos juntamos para quebrar o silêncio a cerca do que temos feito e é bom, porque, o que fazemos de bom, tem sido desconstruído e desqualificado", relata.

A professora detalha que um dos suportes teóricos usados para documentar o encontro consta na obra da escritora, Sueli Carneiro, cuja tese de doutorado disserta sobre a construção do "Não ser".

"Nós somos construídos como seres que não são, mas estamos aqui para dizer que somos o que fazemos, o que podemos. Isso é quebrar silêncio em relação ao protagonismo negro. Se eu entendo que o racismo é estrutural, ele precisa ser percebido nos menores detalhes e todos os sujeito, até que não são racistas, podem praticar atitudes racistas. Portanto, as vozes trazidas aqui hoje, precisam chegar a todos os lugares, sem acepção, a todos os sujeitos. Pois tendo sido educado dentro de uma sociedade que se ergueu sobre as bases da escravidão, o racismo se organizou de forma estrutural e entranhou-se sem que as pessoas necessariamente percebam", argumenta. 

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Quinta, 28 Março 2024

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