Maio Laranja: estudantes da rede estadual são orientados sobre riscos das redes sociais e abuso sexual infantil
A ação, que faz parte da Campanha Maio Laranja, foi promovida pela Ronda Escolar Portal do Sertão, em parceria com o coletivo Bahia Pela Paz e outros órgãos
Estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Áureo de Oliveira Filho participaram, nesta quinta-feira (29), de uma Roda de Conversa com o tema "Exposição nas redes sociais e a exploração sexual infanto-juvenil". A ação, que faz parte da Campanha Maio Laranja, foi promovida pela Ronda Escolar Portal do Sertão, em parceria com o coletivo Bahia Pela Paz e outros órgãos parceiros, com o objetivo de capacitar esses jovens sobre as formas de prevenir e denunciar crimes deste tipo.
Em entrevista ao Folha do Estado, a Capitã PM Nina Marques, comandante da Ronda Escolar Portal do Sertão, enfatizou que há uma subnotificação dos casos de abusos praticados contra crianças e adolescentes em todo o Brasil."Fizemos esta programação para que os adolescentes saibam o que é o abuso sexual infantil e possam se proteger de eventuais investidas de pessoas que querem cometer esse crime contra eles. A realidade do Brasil é de muitas ocorrências, porém há uma subnotificação muito grande e precisamos fazer com estes casos sejam notificados, pois muitas crianças ou adolescentes sequer entendem que estão sofrendo abuso, por não compreenderem a temática. É preciso também mais políticas públicas para coibir esse tipo de ação", alertou a policial militar.
Ela lembra que muitas situações ocorrem dentro da própria família da vítima ou por pessoas do círculo de confiança dos familiares, e incentiva a todos que denunciem em caso de suspeita.
"Caso aconteça e alguém queira denunciar é importante ligar para o 190 para que a Polícia Militar prenda em flagrante o autor ou autora. Caso esteja acontecendo uma situação que é corriqueira, mas que não está ocorrendo naquele exato momento, o denunciante pode ligar para o 180, que é o Disque-Denúncia da Secretaria de Segurança Pública ou o Disque 100. Também pode ser feito um Boletim de Ocorrência na Delegacia para o Adolescente Infrator, que também atende situações em que as crianças e adolescentes que são vítimas de crimes, não apenas autores", orienta.
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Representando o Cras do bairro Lagoa Grande, a educadora sexual Raquele Carvalho foi uma das palestrantes e destacou a importância da rede de proteção municipal para coibir este tipo de crime.
"Essa temática do Maio Laranja é extremamente importante e sensível, para que a gente informe cada vez mais a comunidade, as crianças e os adolescentes, sobre como se proteger. A informação empodera. Por isso a gente age em rede, de forma intersetorial, para ampliar o movimento e assim podemos alcançar mais espaços. Muitas situações não são notificadas por diversas questões sociais, como quando o crime é cometido por alguém da família. E a estatística mostra que o abusador na maioria das vezes faz parte do seio familiar ou de alguém que faz parte da rede de segurança da vítima. Então precisamos estar atentos para prevenir."
Raquele Carvalho salienta que o abuso ocorre de diversas formas e é preciso saber identificar os sinais.
"Muitas pessoas acham que o abuso só acontece quando há conjunção carnal, porém não é apenas isso, mas também expor a criança a conteúdo inadequado, observar a criança se despindo e sentir satisfação sexual, então é preciso estar atento a todos os sinais. E quando orientamos as crianças e adolescentes nas escolas estamos dando a elas ferramentas para se protegerem."
A advogada Carlas dias, representante da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Feira de Santana, explicou de que forma o órgão vem atuando dentro da rede de proteção para orientar a população e também garantir que os direitos das crianças e adolescentes sejam respeitados.
"A proteção integral das crianças é um direito. O Ministério dos Direitos Humanos tem uma preocupação também com o uso de telas, uma vez que através delas damos às crianças e aos adolescentes a possibilidade de abrirem a porta da sua casa para pessoas estranhas, que podem se passar por pessoas da mesma idade, mas que na verdade são representantes de uma rede de pedofilia. Com isso eles correm o risco de sofrerem exploração sexual e serem expostos de maneira inadequada pelo uso da sua imagem vinculada a crimes, situações que muitas vezes eles não tem dimensão. E a comissão se envolve nestes eventos no sentido de trazer essa conscientização, que não é só uma birra dos adultos, pais e professores, em relação à forma como usar as telas, mas uma preocupação real."
A advogada ressalta que as redes sociais são um campo aberto, onde criminosos se aproveitam da vulnerabilidade das vítimas para alimentar sites de exploração sexual.
"O acesso às redes sociais é algo aberto para qualquer pessoa, e são usadas por redes de pedofilia. E muitas vezes uma foto que é tirada da criança ao lado dos pais ou junto com amigas em uma piscina é postada em sites de exploração sexual. A lei prevê apura estes fatos e a OAB também pode ser procurada caso de qualquer suspeita."
A ação realizada nesta quinta ocorre em parceria com o Coletivo Bahia pela Paz, o Cras Lagoa Grande, a OAB, através da Subseccional de Direitos Humanos e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, além do PAIR (Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil).
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