Pesquisadora em educação analisa escolas públicas e privadas de Feira de Santana

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Pesquisadora em educação analisa escolas públicas e privadas de Feira de Santana

Doutora em educação, Luzia Lima investiga escolas em todo o mundo

Crédito: Mário Sepúlveda/FE

Luzia Lima, Pós-doutora e Doutora em Educação, tem graduação em Pedagogia, coordena o Grupo de pesquisa Centro de Formação da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial (Portugal) e é Especialista em Educação Inclusiva foi convidada a conhecer o projeto educacional de uma instituição de ensino privada em Feira de Santana, que é referência em educação na Europa, e se disse surpresa com o que viu do município. "A primeira vez que venho a Feira de Santana, confesso que fiquei impressionada com o desenvolvimento da cidade. Achei uma cidade bem construída e mais planejada do que eu imaginava. É uma cidade bem desenvolvida não só no aspecto comercial, como também no entroncamento de vias, foi uma grata surpresa", conta a doutora.

A pesquisadora conheceu presencialmente a estrutura da Escola João Paulo I, mas diz que já conhecia e admirava o projeto pedagógico da unidade há uma década. "Eu conheço a escola João Paulo há 10 anos, porque o projeto pedagógico da escola foi apresentado em Portugal, desde lá tinha esse sonho de conhecer pessoalmente. Além disso, a escola voltou a ser apresentada várias vezes e muito comentada por causa do seu projeto. Me encantou, ao chegar aqui, foi ver que o discurso é coerente com a prática. A Escola João Paulo diz o que realmente faz e faz até melhor. Por exemplo, na Dinamarca, uma das coisas que eu fiz, que me chamou atenção, foi tirar fotografias de salas de aula que eram cozinhas, que eram marcenaria. Eu chego na Escola João Paulo e aqui tem uma sala de aula que é cozinha, que é marcenaria, tem sala que é fora da sala (que é uma coisa que a gente prega, que os alunos devem sair dos muros) e eu encontrei na Escola João Paulo. Dentro do projeto pedagógico, questões que são internacionalmente reconhecidas como sinônimo de qualidade", diz.

A autoridade científica, destaca como principal ponto, considerar o aluno como indivíduo, único e trabalhar a individualidade, as dificuldades e facilidades de cada um. "Tem alunos aqui com graves dificuldades, com deficiência, com sérios problemas de aprendizagem. Todos os alunos que recebem atenção que precisam, o currículo de aprendizagem adaptada para cada indivíduo, mas também não perde a noção que vivemos no coletivo e essa noção se aplica a coisas mínimas, por exemplo, os alunos estão acostumados a pedir a palavra e esperar o outro terminar de falar para então chegar a vez dele de falar, você nota que existe um respeito pelo outro. São os alunos que apresentam a escola, tem orgulho neles e dá para notar que a instituição está muito segura com aquilo que ela faz. O processo ensino/aprendizagem não é só ensino".

Escolas públicas no Brasil e do Mundo

Luzia investiga escolas em todo o mundo e faz observações a respeito das escolas brasileiras em relação às escolas dos países considerados mais desenvolvidos em educação. "Eu vivo em um país (Portugal) que é 90 vezes menor que o Brasil, então governar o Brasil é governar um continente todo. Eu trabalho com investigação e uma das coisas que eu faço em investigação é comparar as escolas públicas do Brasil, Uruguai, Argentina, da Escócia. O que eu vi é que a escola pública se desenvolveu muito nos últimos tempos. A escola pública brasileira ganhou muitas coisas, em termos de direitos humanos que foi conquistando ao longo do tempo. Quem acha que a escola pública de 50 anos atrás era melhor do que de agora, bateu a cabeça na parede, não faz ideia do que está falando. Hoje temos escolas para todo mundo no Brasil, antes tínhamos sequer um prédio para colocar todas as crianças. Agora, a escola pública brasileira precisa ser uma decisão política. Quando vemos gráficos dos países mais desenvolvidos em educação, as notas dos alunos mais pobres são próximas às notas dos alunos mais ricos. A Tailândia, Finlândia, Dinamarca, o Japão, investiram na educação dos pobres e quando eu educo muito bem os pobres, os que têm menos acesso, à educação e a cultura do povo inteiro se desenvolve e sobe junto. Falta para o Brasil uma decisão política contínua, porque isso muda o governo e é descontinuado. Nós vimos o que aconteceu em termos de desmonte na educação e agora é preciso recuperar tudo".

Lima, ressalta que é necessário decisões políticas suprapartidárias, que mantenham a política da educação constante, mesmo que troque de governo. Defende ainda que para criar uma escola pública forte é preciso ter professores que sejam bem formados e em período integral. "Enquanto a escola pública for onde o aluno vai lá em um turno e no outro vai embora, a escola em si não consegue fazer um projeto com ele. Sabemos, por investigação, que quanto mais alta a educação da mãe, melhor a aprendizagem do aluno na escola. Tudo está diretamente relacionado! A mãe que estuda mais e que é melhor formada, afeta diretamente a educação do filho. Quando eu tenho uma escola em tempo integral, a mãe consegue aceitar um emprego que não seja tão precário, pois ela sabe que o filho não vai ficar na rua, vai ficar na escola e a educação, trabalho e vida da mãe, melhoram. Quando eu falo mãe é porque a maioria das famílias monoparentais, quando existe uma separação, as crianças geralmente ficam com as mulheres que são muito forte".

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Segunda, 13 Mai 2024

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