Entre o refúgio, a resistência e a fé: Feira tem a 1ª paróquia quilombola do Brasil

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Entre o refúgio, a resistência e a fé: Feira tem a 1ª paróquia quilombola do Brasil

A criação da paróquia veio, realmente, atender à necessidade do povo com suas particularidades

Símbolo da resistência negra do município, a comunidade quilombola Matinha dos Pretos, sede do distrito da Matinha, em Feira de Santana foi oficialmente reconhecida como tal pela Fundação Palmares em 2014. O local em tempos passados servia como refúgio para os escravos que se revoltavam e fugiam dos seus senhores pudessem se abrigar em uma pequena mata cerrada, a Matinha, conforme destaca a dissertação de Mestrado.

Os desafios socioeducacionais e comunitários nos processos de reconhecimento e fortalecimento dos Territórios Tradicionais Quilombolas: o caso da Fazenda Candeal II, da professora Francisca Fonseca. No local, em novembro do ano passado foi instalada a primeira paróquia quilombola do Brasil. Ao todo com a instalação da Igreja de São Roque, sede da nova paróquia cerca de 13 localidades do entorno foram beneciadas com a decisão da Arquidiocese de Feira de Santana. 

Em conversa com o hoje Diácono e Auxiliar de Pastoral da Igreja de São Roque, Ibrahim Muinde, ele destaca a importância da presença da igreja em espaços como as comunidades quilombolas, no sentido de se está mais próximos a população dessas localidades, se fazendo presente na fé, elementos e nas lutas que esses povos tiveram e ainda têm na atualidade. "É um trabalho de base com o povo tradicional que tem uma história bonita com muita riqueza cultural, religiosa, e que por muito tempo faltou esse trabalho com eles da escuta da fé, mas também já partindo dos elementos que eles têm, nas lutas diárias que essas comunidades ainda enfrentam. 

Então é preciso desse apoio, dessa presença, porque e exclusão, o esquecimento, a invisibilização e a violência representam gritos, que precisam sim da ajuda e presença da igreja, porque o povo quilombola são a maioria nas nossas paróquias, então é um cuidado pastoral". 

O Diácono que também é missionário da Consolata América fala sobre como surgiu a iniciativa da instalação de uma paróquia voltada à comunidade quilombola em Feira de Santana. "A questão da criação dessa paróquia que veio já como uma proposta de lá de 2012, a até depois da criação do distrito da Matinha, essa ideia se intensificou, porém ano passado com a arquidiocese celebrando 60 anos de existência, isso veio à tona mais uma vez. E com o convite e a presença dos missionários da Consolata que já tem um trabalho direcionado a causa afro. Então já tínhamos missionários disponíveis para esse trabalho e também o arcebispo já sonhava com a criação dessa paróquia. Então foi a oportunidade da criação de paróquias que realmente atendam a necessidade do povo, dessa comunidade que já vive e assume a identidade quilombola", destaca.

 

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Terça, 23 Abril 2024

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