O músico destaca a felicidade em encerrar o período de hiato entre o Olodum e Feira de Santana, na quinta-feira (20), primeiro dia da Micareta.

"Há 10 anos que não voltávamos à festa e pra gente é uma honra. Já estamos em clima de comemoração! Temos 44 anos de muita luta, dedicação, reggae, educação e iremos comemorar, convocar a todos para curtir o Olodum na Micareta de Feira", convida Lucas Di Fiori.

O mentor do projeto salienta o quanto é gratificante voltar ao município e também relembrar toda a trajetória. Além disso, ressalta ainda a função social desempenhada pelo grupo.

"A gente agradece muito aos organizadores da Micareta de Feira por nos dar esse presente. Todos os 'oloduns' estarão muito felizes, uma galera de fora vem para a cidade para ver a pipoca de Feira. Em 1979 a galera dos blocos se reunia para tocar nos blocos de barões e na época foi fundada na sexta-feira de carnaval para poder dar oportunidade de lazer para os moradores de Maciel/Pelourinho. O bloco se chamava Alvorada. O Olodum é o primeiro Bloco Afro fundado na sexta-feira. A parte do Gravatá morava pessoas com poder aquisitivo melhor do que quem morava embaixo, no Centro Histórico. E tocavam nos blocos Alvorada, Muquiranas, Independentes. Então criamos o bloco do Olodum para que as pessoas que tocavam no Carnaval também pudessem ter alegria. Para mim é um orgulho imenso", conta Lazinho, fundador da banda.

O cantor Di Fiori destaca que a ideologia do Olodum não é formar músicos e sim cidadãos e ele se apresenta como fruto do projeto.

"Eu sou caçulinha, venho dessa geração criada por eles. O sucesso foi muito grande e o grupo entendeu que era papel deles também cuidar dos foliões . O Olodum foi o primeiro projeto sociocultural do Brasil, criou o projeto Rufar dos Tambores, através de Kátia Mel, Neguinho do Samba. Hoje é a escola Olodum e eu entro nessa leva do projeto. Entrei no Olodum com 9 anos e hoje tenho 41, foi aqui que me criei, me formei. Sempre fui muito bem acolhido, apesar de fazer sucesso no mundo inteiro, é um bloco de amor. Tem pessoas como João Jorge, um dos líderes do Olodum, hoje presidente da Fundação Palmares e a gente fica muito feliz. Costumam dizer que ele é o bloco arco-íris, que engloba todo tipo de religião, todos os tipos de orientação sexual. O Olodum é realmente um bloco de acolhimento", testemunha Lucas.

Os músicos relembram o lançamento da icônica "Faraó - Divindade do Egito", canção considerada um hino do Carnaval e da música brasileira.

"Essa música vai completar 37 anos. Quando Lazinho fez a primeira gravação oficial, ninguém imaginava realmente como era o Egito. João Jorge, Marcelo Gentil, os historiadores deram uma apostila e o compositor Luciano Gomes teve uma felicidade imensa de criar a canção. Ano passado a música nos levou ao Egito e foi a realização de um sonho pra gente. Entretanto, no Brasil as emissoras divulgam as músicas com os nomes dos intérpretes e não de quem faz. Acho isso um sacrilégio, não é porque o compositor não aparece que o nome dele não tem que aparecer".

A banda convida todos os foliões para embalar ao som dos muitos sucessos do Olodum como Madagáscar Olodum, Vem Meu amor, Várias Queixas, Canto do Pescador, Requebra, I Miss Her, entre muitas outras. Eles prometem uma apresentação do tamanho da Micareta de Feira . "A pipoca do Olodum em Feira é um presente antecipado, pois dia 25 de abril ele completa 44 anos de existência então a gente vai comemorar e fazer festa com a galera. Esperamos todo mundo seguindo e fazendo esse arrastão com o Olodum".