Atletas denunciam perseguição e negligência da CBTM
Grupo de medalhistas cobra transparência e apoio após carta aberta
Nove dos principais nomes do tênis de mesa paralímpico brasileiro romperam o silêncio e acusaram a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) de perseguição, negligência e falta de transparência. Entre eles, estão campeões como Bruna Alexandre, Paulo Salmin e Cátia Oliveira, que afirmam ter sofrido represálias após assinarem uma carta aberta ao Ministério do Esporte e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em julho. O documento denunciava abusos relacionados à Bolsa Atleta e exigências ilegais na aplicação dos recursos. Desde então, os atletas alegam cortes em apoio financeiro, exclusão de competições e negligência médica.
O rompimento explicita uma crise estrutural. A CBTM, sob gestão concentrada há mais de três décadas, é acusada de impor critérios obscuros de convocação e de custeio de viagens, além de afastar técnicos e ignorar relatórios médicos. O caso de Bruna Alexandre, maior medalhista paralímpica do país, expôs o limite da tensão: após cirurgia bariátrica, a atleta relatou abandono e pressão indevida para retornar às atividades. Outros, como Joyce Oliveira e Marliane Santos, relataram ausência de estafe médico em torneios internacionais, o que comprometeu até a integridade física de cadeirantes.
📱 FEIRA DE SANTANA NOTÍCIAS 24H: Faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsApp
A disputa, que chegou ao conhecimento do Ministério do Esporte, ameaça a preparação brasileira para o Mundial de 2026. Atletas classificados afirmam não saber se terão condições de participar, diante da incerteza sobre custeio e planejamento técnico. A CBTM se defende dizendo seguir critérios internos e estatutários, enquanto o CPB alega não ter poder legal para intervir em entidades autônomas. No entanto, o conflito já provoca danos à imagem do paradesporto nacional, que vive um de seus períodos mais turbulentos desde a profissionalização.
O episódio revela mais que um impasse administrativo. Ele desnuda uma cultura autoritária e patrimonialista ainda presente em parte das confederações esportivas brasileiras. Atletas de alto rendimento, formados sob sacrifício pessoal e símbolos da superação paralímpica, não deveriam mendigar respeito institucional. Quando quem carrega a bandeira do país precisa lutar para ser ouvido, o problema deixa de ser esportivo e passa a ser ético. O tênis de mesa paralímpico cobra, agora, mais que medalhas: cobra dignidade.
📱 Acesse o nosso site RadioGeral e TVGeral
📲 Nos acompanhe também nas redes sociais:
Comentários:
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.