A eliminação do Botafogo para o Palmeiras na Copa do Mundo de Clubes foi o estopim. Menos de 48 horas depois da derrota por 1 a 0, o clube oficializou a demissão de Renato Paiva e de toda a sua comissão técnica. O treinador, que chegou em fevereiro de 2025 após a saída vitoriosa de Artur Jorge, encerra sua passagem com 23 jogos, 12 vitórias e um aproveitamento de 56,5%. Apesar da classificação nas Copas e da histórica vitória sobre o PSG, o baque da eliminação precoce no Mundial falou mais alto.

Tecnicamente, o time de Paiva mostrava sinais claros de desconexão entre proposta e execução. O sistema que priorizava posse e intensidade se perdeu em jogos decisivos, especialmente contra o Palmeiras, quando o Botafogo foi engolido taticamente na prorrogação. O setor ofensivo, que deveria ser o diferencial, esbarrou numa previsibilidade irritante. A ausência de soluções criativas no banco e a falta de ajustes rápidos dentro das partidas deixaram Paiva exposto, como quem perdeu o prumo na travessia.

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No cenário regional, a queda de Paiva ecoa com força. O Botafogo, que vinha de um 2024 histórico, vê seu projeto técnico desmoronar de forma parecida ao que ocorreu no Bahia há alguns anos, quando se apostou em processos longos sem sustento real. É como se o clube carioca tivesse caído na velha cilada de "subir em coqueiro liso", tentando repetir um modelo europeu sem o caldo cultural necessário. A torcida já começou a fazer a tradicional pressão em General Severiano, mostrando que a paciência, no Rio ou na Bahia, tem um limite bem curto.

A chegada de um novo técnico precisa ser mais que uma resposta apressada. O Botafogo, sob o olhar mais atento de John Textor, tem a chance de reorganizar suas bases e evitar um efeito dominó no restante da temporada. Em tempos de futebol globalizado, não basta trazer um gringo com discurso bonito — é preciso entregar cancha, leitura rápida e um fio de identificação com o clube. Se não entender isso, o Glorioso corre o risco de trocar de comandante como se troca de camisa, sem sair do lugar.