Camisas de clubes são vetadas no Brasil contra o Paraguai

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Camisas de clubes são vetadas no Brasil contra o Paraguai

Proibição mira violência e reforça tensão entre futebol e policiamento 

📷 Reprodução: X (Twitter) - PalmeirasMantos

A partida entre Brasil e Paraguai, nesta terça-feira (10), na Neo Química Arena, não contará com uma das tradições mais curiosas do torcedor brasileiro: a mistura das camisas de clubes nas arquibancadas da Seleção. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo proibiu a entrada com trajes de clubes, medida que já vigorou nos amistosos da equipe feminina contra o Japão. Com 45.500 ingressos vendidos, a expectativa de casa cheia contrasta com o policiamento reforçado e o clima de vigilância sobre os uniformes dos fãs.

A decisão, embora respaldada pela lógica da segurança pública — num estado onde até os clássicos viraram jogos de torcida única —, revela um abismo entre o futebol que se quer vender como espetáculo de paz e a cultura enraizada da paixão clubística. Técnicos e analistas que conhecem bem o ambiente de estádio alertam para os efeitos colaterais: a homogeneização do torcedor, a perda da espontaneidade e até um certo esvaziamento simbólico da seleção como espaço de convergência nacional. É o futebol passando por pente-fino, camisa por camisa.

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Na prática, a medida é mais um reflexo das tensões que marcam o futebol paulista desde os anos 90, quando a violência organizada passou a pautar a logística dos jogos. No Nordeste — e falo com a autoridade de quem cobriu Ba-Vi no Barradão e clássico do interior em Feira —, a relação entre clubes e torcida costuma ser menos engessada. Por lá, o manto tricolor, rubro-negro ou azulino divide arquibancada sem vigilância exagerada. Comparar os contextos, claro, exige cuidado, mas salta aos olhos a rigidez crescente imposta no Sudeste.

Para além do veto pontual, a decisão acende um alerta mais amplo sobre o papel das forças de segurança nos eventos esportivos. Em 2025, com tecnologia de reconhecimento facial e policiamento ostensivo nos estádios, o torcedor está cada vez mais tutelado — às vezes mais do que protegido. Como jornalista que viu a camisa da Seleção unir adversários de clubes nas tardes de domingo, lamento esse passo atrás. Torcer não pode virar suspeita. E camisa, com todo respeito à farda, nunca foi ameaça. 

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Quinta, 12 Junho 2025

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