Cariani confessa uso de esteroides e critica glamourização
Influenciador questiona discurso tóxico e cogita deixar palcos
Renato Cariani, uma das vozes mais conhecidas do fisiculturismo brasileiro, que há décadas transita entre os bastidores dos palcos e as redes sociais, falou sem rodeios: usou esteroides anabolizantes durante a carreira profissional, mas jamais fez apologia. Em entrevista ao blog Músculo, o atleta de 49 anos revelou o dilema de quem vive entre a disciplina extrema e a exposição pública — e aproveitou para lançar críticas duras ao que chama de "cultura destrutiva" em torno do uso de hormônios. "Não é bonito glamourizar algo que pode arruinar vidas", disparou.
Cariani defende que o problema não está no uso técnico, mas na maneira como o tema é tratado por parte da comunidade fitness. Para ele, o excesso de orgulho com o uso dos chamados EAs impede o crescimento saudável do esporte e afasta possíveis patrocinadores e novos adeptos. Ao contrário de esportes olímpicos, onde o doping é ocultado e combatido, o fisiculturismo — segundo ele — convive com um discurso nocivo que mais afasta do que aproxima. A crítica ecoa num momento em que o fisiculturismo luta por legitimidade no cenário esportivo brasileiro, inclusive frente ao COB.
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Sobre voltar a competir, Cariani adota cautela. Desde 2022 longe dos palcos, o atleta reconhece os impactos físicos e mentais da preparação. Fisiculturismo, lembra ele, é o único esporte onde o ápice do desempenho coincide com o esgotamento extremo. "No dia da competição, você está no osso, sem gordura, desidratado, e longe do seu melhor como ser humano." Essa consciência o levou a repensar o futuro: talvez migrar para uma rotina de atleta voltado à longevidade, com foco em saúde e performance sustentável.
Com o nome envolvido em um processo judicial por tráfico e lavagem de capitais — no qual se diz inocente —, Cariani opta por se manter ativo como educador físico e empresário, pregando moderação e disciplina. Entre treinos e lives, vinho e caipirinha no fim de semana, sua fala carrega um tom de maturidade rara nesse meio: "Viver com equilíbrio é mais revolucionário do que levantar 200 kg no supino". Em tempos onde o espetáculo da imagem seduz mais do que o esforço, soa como uma provocação necessária.
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