O futebol brasileiro vive mais uma polêmica extracampo. Uma orientação da CBF, em vigor desde a segunda rodada do Brasileirão, determina que qualquer jogador que "subir na bola" – aquele gesto teatral usado para ganhar tempo ou provocar o adversário – será punido com cartão amarelo. A medida, inspirada em normas da Conmebol, foi vista como exagerada por boa parte dos boleiros e acendeu o debate sobre a liberdade criativa no futebol nacional.

A discussão ganhou corpo após Memphis Depay, destaque do Corinthians, usar a jogada no fim da final do Paulistão contra o Palmeiras. O recurso garantiu o empate e o título para o Timão, mas também gerou tumulto em campo. Dias depois, a CBF resolveu apertar o cerco. A resposta veio rápido: Neymar chamou a decisão de "muito nhênhênhê" e Gabigol ironizou nas redes, afirmando que a preocupação da entidade parece ser mais com firulas do que com a qualidade da arbitragem.

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A nova diretriz, embora se baseie em recomendações da IFAB sobre comportamento antidesportivo, não tem previsão explícita nas regras internacionais do futebol. E é aí que mora o problema. Para nomes históricos como Rivaldo, essas jogadas representam a essência da malandragem e da criatividade do jogador brasileiro. "Querem transformar o futebol num robô europeu, sem alma, sem arte", desabafou o ex-craque da Seleção.

A comparação com outras mudanças também levanta dúvidas. A proibição das "paradinhas" nos pênaltis, por exemplo, teve um embasamento técnico claro. Já a punição ao estilo Memphis parece mais uma tentativa de enquadrar o improviso do jogador brasileiro. No fundo, a pergunta que fica é: até onde vale limitar o espetáculo em nome de uma suposta disciplina?