Estrelas da WNBA protestam e expõem disparidade histórica

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Estrelas da WNBA protestam e expõem disparidade histórica

Jogadoras pedem divisão justa de lucros no All-Star Game 

📷 Reprodução: X (Twitter) - EndWokeness

No último sábado, durante o All-Star Game da WNBA, em Indianápolis, o espetáculo ganhou contornos de denúncia. As principais atletas da liga feminina de basquete dos EUA protestaram por justiça salarial, segurando placas com a frase "Pay us what you owe us". O gesto coletivo escancarou o abismo financeiro entre as ligas masculina e feminina: enquanto jogadoras da elite recebem até R$427 mil anuais, um novato da NBA fatura pelo menos R$6,4 milhões no mesmo período. O estopim foi a revelação de que apenas 10% do lucro da WNBA é revertido para as atletas, contra 50% na NBA.

Em quadra, o talento é o mesmo — mas o reconhecimento, não. Caitlin Clark, Sabrina Ionescu e outras estrelas dominam as estatísticas, enchem ginásios e impulsionam audiências. No entanto, o modelo econômico da liga ainda opera sob um paradigma antigo: custo baixo, lucro concentrado. Para quem cobre esporte há mais de duas décadas, é impossível ignorar a discrepância entre o discurso institucional de valorização e a prática que limita o crescimento das jogadoras. O protesto foi silencioso, mas ruidoso — e, para bom entendedor, a mensagem é clara: há jogo sendo jogado fora das quadras.

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O que está em curso não é apenas uma luta por cifras, mas por dignidade. A presença de brasileiras como Kamilla Cardoso e Damiris Dantas amplia esse debate em solo nacional. Kamilla, por exemplo, precisou atuar na China durante a offseason para complementar renda — algo impensável entre atletas do masculino. Em 2025, ano em que o esporte feminino conquista cada vez mais espaço de mídia e engajamento, manter esse modelo anacrônico é, no mínimo, míope. A liga precisa abrir os ouvidos antes que perca vozes que, finalmente, aprenderam a se impor.

Como diziam os antigos lá em Feira de Santana, "quem não escuta conselho, escuta coitado". O protesto da WNBA foi um aviso elegante. Mas o próximo capítulo, caso nada mude, pode ser bem mais duro. A bola quica para os dois lados — e, dessa vez, são elas que merecem arremessar com a vantagem. 

 

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Terça, 22 Julho 2025

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