Expulsão de Léo Jardim expõe falhas graves na condução do jogo
Laudo confirma lesão e Vasco reforça críticas à arbitragem em Porto Alegre
No empate entre Internacional e Vasco, neste domingo (27), no Beira-Rio, a crônica do futebol brasileiro ganhou mais um capítulo conflituoso envolvendo a arbitragem. Expulso aos 38 minutos do segundo tempo, o goleiro Léo Jardim foi punido por suposta cera enquanto pedia atendimento médico, com o Vasco vencendo por 1 a 0. Horas depois, o laudo médico revelou contusão na junção costocondral do arco costal esquerdo e hematomas musculares profundos — lesão compatível com trauma recente. A imagem do arqueiro, sentado junto à trave em nítido desconforto, contrasta com a alegação do árbitro Flávio Rodrigues de Souza de que "houve tempo suficiente para atendimento". O empate em 1 a 1, que veio já nos acréscimos com um jogador a menos, ampliou a revolta cruzmaltina.
Tecnicamente, a decisão que mudou o curso da partida está no cerne de um dilema recorrente: o limite entre autoridade e sensibilidade na condução do jogo. A Regra 12 da FIFA prevê advertência por retardar o reinício da partida, mas sua aplicação demanda leitura de contexto. O árbitro interpretou má-fé em um lance no qual o atleta se queixava de dor evidente — e que, após exames, revelou danos de aproximadamente 3,1 x 2,3 cm. O argumento de que houve tempo hábil para atendimento durante substituições ignora a autonomia médica sobre o momento de avaliação clínica, sobretudo em casos de impacto torácico. Em campo, o Vasco sustentava boa organização defensiva e ameaçava o contra-ataque com Vegetti, até que a expulsão alterou a paisagem estratégica e psicológica do confronto.
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O impacto imediato é evidente: o Vasco perdeu dois pontos, pode perder seu goleiro titular por tempo indeterminado e ganhou novo foco de tensão com a Comissão de Arbitragem da CBF, que, mesmo diante do laudo, sustentou a legalidade da decisão. A médio prazo, cresce o risco de desestabilização emocional do elenco, que já demonstrava sinais de frustração nas palavras fortes de Vegetti ("a gente foi roubado"). Com o Campeonato Brasileiro de 2025 em sua fase mais desgastante, o clube precisa lidar com a ausência de Léo Jardim e a percepção pública de injustiça — combustível frequente para a narrativa da autossabotagem institucional que ronda São Januário nos últimos anos.
A expulsão de Léo Jardim não é um mero erro de julgamento: é sintoma de um modelo de arbitragem que se fecha em tecnicismos e se distancia da pulsação real do jogo. Ainda que o protocolo ofereça respaldo, o bom senso deveria prevalecer quando um atleta está visivelmente lesionado — sob pena de desumanizar o ofício. O laudo publicado pelo próprio clube escancara o abismo entre a versão de campo e a verdade médica. E se a regra foi seguida à risca, talvez seja a própria regra que precise ser revista. Como se diz por aqui, "quem não tem olho bom, não entra em roça alheia" — e ao que tudo indica, o árbitro andou plantando discórdia em terreno que exigia mais cuidado que rigidez.
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