Flamengo cresce no Brasil enquanto Bahia firma liderança no Nordeste

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Flamengo cresce no Brasil enquanto Bahia firma liderança no Nordeste

Pesquisa Ipsos-Ipec mostra disparada rubro-negra e avanço regional do Esquadrão 

📷 Reprodução: X (Twitter) - thalescmachado

A nova rodada da pesquisa encomendada por O Globo ao instituto Ipsos-Ipec revela uma mudança sensível na paisagem emocional do futebol brasileiro. Enquanto o Flamengo amplia sua supremacia nacional com 25% das preferências, o Bahia avança discretamente e se consolida como o clube mais querido do Nordeste, alcançando 7,4% de apoio — salto relevante frente aos 5,9% de 2022. O levantamento, que ouviu dois mil brasileiros em 132 municípios, expõe tanto o enraizamento histórico de torcidas do eixo Rio-São Paulo quanto o esforço de reconstrução simbólica e estrutural dos clubes regionais. No recorte nordestino, chama atenção o fato de 61% dos entrevistados ainda declararem torcida por equipes de fora da região.

A liderança do Flamengo não se explica apenas por títulos recentes, mas por um projeto de marca transcontinental que une performance, marketing agressivo e presença digital robusta. Desde 2019, o clube carioca opera em múltiplas frentes para fidelizar torcedores nas periferias do país. Já o crescimento do Bahia guarda outra lógica: base popular enraizada, reestruturação administrativa via SAF e protagonismo em pautas identitárias. É um avanço menos ruidoso, porém estratégico. Se o rubro-negro impõe sua força como fenômeno nacional, o Esquadrão planta sementes de fidelidade duradoura em um terreno que, historicamente, se dividia entre o amor à terra e o apelo das grandes vitrines.

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Esse tensionamento afeta diretamente a perspectiva de futuro dos clubes nordestinos. Ainda que somem 39% das torcidas locais, a pulverização entre Bahia, Sport, Ceará, Vitória, Fortaleza e Santa Cruz reduz sua capacidade de articulação coletiva. A hegemonia do Flamengo, por outro lado, projeta um cenário de concentração que pode acirrar desequilíbrios já consolidados nas cotas de TV e nos investimentos publicitários. O desafio para os clubes do Nordeste não será apenas manter relevância regional, mas transformar torcida em receita, presença em engajamento, paixão em competitividade. A partir desses números, fica claro que a luta já não é só por campo: é por espaço simbólico no imaginário nacional.

À luz dos dados, o torcedor nordestino segue dividido entre raízes e fascínio. O Bahia, mesmo com percentuais ainda modestos em âmbito nacional, começa a traduzir estrutura em pertencimento — um trunfo que não se mede apenas por camisas vendidas, mas por presença nos jogos, ativação comunitária e geração de ídolos locais. Os demais clubes precisam encarar o espelho e rever estratégias. Não basta disputar o estadual com brio: é preciso entender que a guerra pelo coração do torcedor, em 2025, se dá também no algoritmo. E como bem se diz lá em Feira, quem não se ajeita, dança. 

 

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Quarta, 30 Julho 2025

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