Fluminense mantém legado de laterais históricos
Clube vive contraste entre glórias e estagnação atual
O Fluminense de Feira atravessa seus 80 anos com a memória ainda viva de uma era em que a lateral direita era símbolo de excelência e porta de saída para talentos que rapidamente ganhavam o cenário estadual e nacional. Regis, Misael, Ubaldo, Luiz Alberto, Edmilson Pombinho, Bira, Edinho e Itamar representam uma linhagem que moldou a identidade técnica do Touro do Sertão, herdeiro de campanhas que renderam títulos baianos em 1963 e 1969 e o consolidaram como a terceira força do estado. O contraste entre esse passado produtivo e a realidade atual, marcada por elenco rotativo e ausência de revelações marcantes, expõe a mudança estrutural do clube e do próprio ecossistema esportivo local.
O predomínio histórico do Fluminense na formação de laterais surgiu de um contexto em que o futebol amador da cidade oferecia matéria-prima abundante. Mecânico, Ypiranga, Botafogo, Flamengo, Vasco e Bahia de Feira funcionavam como viveiros naturais e alimentavam um fluxo constante de atletas capazes de competir de imediato no profissional. A evolução tática da época, baseada em linhas fixas e menor especialização de função, favorecia jogadores completos, fortes no duelo, disciplinados e com leitura de jogo. Essa combinação garantia ao clube atletas prontos para ascender rapidamente, caso de Luiz Alberto e Ubaldo, ambos contratados pelo Bahia após ciclos curtos no Touro.
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A ruptura desse ciclo formativo coincide com a estagnação do futebol amador da cidade e com o avanço de um mercado dominado por escolinhas privadas e estruturas voltadas prioritariamente para retorno financeiro. O Fluminense, enfraquecido esportiva e administrativamente, perdeu sua capacidade de garimpar talentos e passou a depender de atletas de passagem, o que afeta a continuidade dos processos internos e reduz a chance de reconstrução de um setor historicamente virtuoso. Sem uma base forte, o clube vê diminuir o impacto de longo prazo de sua participação no cenário estadual e reduz seu potencial de projeção nacional.
O legado de laterais formados em série não deve ser tratado apenas como recordação romântica, mas como referência concreta de um modelo que combinava observação atenta, integração comunitária e leitura precisa de necessidades técnicas. O desafio do Fluminense é transformar essa memória em ação, criando ambiente capaz de resgatar a formação local e competir de forma sustentável em um mercado cada vez mais fragmentado. A história mostra que a Cidade Princesa sabe produzir talentos. Falta ao clube reencontrar o caminho que um dia transformou a camisa dois em símbolo de excelência.
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