Goleiros param jogos e distorcem ritmo competitivo do Brasileirão 2025

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Goleiros param jogos e distorcem ritmo competitivo do Brasileirão 2025

Mais de 90% dos atendimentos ocorrem com goleiros empatando ou vencendo partidas 

📷 Reprodução: X (Twitter) - R10Score

A expulsão de Léo Jardim em Porto Alegre escancarou uma prática que se dissemina no Brasileirão 2025: a interrupção sistemática de jogos por atendimentos médicos a goleiros. Segundo levantamento do Gato Mestre, já são 92 paralisações deste tipo até a 17ª rodada, com 2h39 de bola parada. O dado mais revelador é o contexto: 91% dessas interrupções ocorreram quando o time do goleiro estava vencendo ou empatando, o que indica um padrão de comportamento estratégico, e não apenas circunstancial. Rafael, do São Paulo, lidera em tempo total de paralisação (14min01s), seguido por Léo Jardim (11min28s) e Walter, do Mirassol (11min19s). O recurso virou arma tática de retardo de jogo — uma espécie de antijogo institucionalizado.

A lógica é simples: a presença da equipe médica em campo exige interrupção total da partida. Como a regra impede a retomada até que todos deixem o gramado, goleiros passaram a "pedir atendimento" como escudo para segurar o placar. Na prática, esse expediente substitui a antiga cera com a bola em mãos. A diferença é que, agora, tem verniz de legalidade. Os números expõem essa distorção: apenas 8 dos 92 atendimentos ocorreram com o time perdendo — um indício estatístico forte de intenção estratégica. A simulação nem sempre é grosseira; muitas vezes se reveste de cautela médica ou de um desconforto verossímil. O árbitro, pressionado a zelar pela integridade física, hesita entre o bom senso e a regra. No caso de Léo Jardim, Flávio Rodrigues de Souza aplicou o segundo amarelo e foi rigoroso, mas não incoerente.

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A recorrência dessas paradas compromete o ritmo de jogo e afeta diretamente o espetáculo. Clubes menores, que dependem de vantagem circunstancial, se beneficiam mais desse expediente — e não por acaso figuram com destaque no ranking. A perda de tempo intencional, disfarçada de protocolo médico, distorce o mérito esportivo, confunde arbitragem e irrita o torcedor. O VAR ainda não cobre esse tipo de manipulação e a CBF, até agora, evita regulação mais incisiva. O risco é cristalizar um "novo normal" em que fingir dor passa a ser tão decisivo quanto marcar gols. Em um campeonato já marcado por desequilíbrios de estrutura, ampliar o fosso com brechas comportamentais enfraquece a competitividade geral.

É evidente que saúde do atleta deve ser preservada — mas há uma linha tênue entre cautela e conivência. O futebol brasileiro precisa ter coragem institucional para enfrentá-la. Se um goleiro cai seis vezes por rodada, sem exames que apontem lesão relevante, algo está fora da curva. A arbitragem, por sua vez, não pode ser refém de um manual que permita distorções de conduta em nome da dúvida. Há uma expressão que usamos muito nas arquibancadas de Pituaçu: "quem muito se deita, sonha demais". E, no futebol, quem sonha demais deitado costuma acordar com cartão.

 

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Sexta, 01 Agosto 2025

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