Nadadora portuguesa é banida por recusar teste de gênero
Caso expõe dilema entre privacidade e regras esportivas
A nadadora portuguesa Hannah Caldas, de 47 anos, foi suspensa por cinco anos pela Federação Internacional de Natação após se recusar a realizar um teste de verificação de sexo. A punição retira todos os resultados obtidos pela atleta entre junho de 2022 e outubro de 2024 e a impede de competir até 2030. O exame havia sido solicitado antes do Mundial Masters de 2024, em meio a um protocolo da entidade voltado à conformidade de gênero em competições femininas.
O episódio reacende o debate sobre os limites éticos e científicos do controle de gênero no esporte. Caldas, que reside na Califórnia e apresentou atestado de nascimento que a identifica como mulher, argumentou que o exame genético não é previsto pelas normas esportivas dos Estados Unidos. A World Aquatics, por sua vez, sustentou que a verificação cromossômica seria necessária diante de "dúvidas de elegibilidade". O impasse tornou-se público após a divulgação do comunicado da federação nova-iorquina, que confirmou a sanção.
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A decisão tem repercussões amplas. Ao perder seus resultados e recordes, Caldas vê interrompida uma trajetória marcada também pelo desempenho em modalidades como remo indoor e crossfit. A punição sinaliza uma postura cada vez mais rígida das entidades internacionais diante de casos envolvendo identidade de gênero, mas também acende alertas sobre possíveis violações de privacidade médica.
Mais do que uma disputa regulatória, o caso de Hannah Caldas revela um conflito estrutural do esporte moderno. Entre a busca por justiça competitiva e o respeito à autodeterminação das atletas, as federações caminham sobre terreno ético instável. O combate à fraude não pode se transformar em instrumento de constrangimento ou exclusão. A integridade esportiva, em sua essência, deve coexistir com o respeito à dignidade humana.
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