Neymar voltou a ser manchete no último fim de semana, mas não por golaços ou dribles desconcertantes. Na derrota do Al-Hilal para o modesto Mirassol, em amistoso preparatório, o camisa 10 atuou sem intensidade e teve sua postura amplamente questionada nas redes sauditas. Desde sua chegada ao clube, em agosto de 2023, o craque atuou apenas 13 vezes, marcando 3 gols. Os números não justificam o investimento de quase R$ 100 milhões por temporada — e a paciência da torcida, antes devota, começa a rarear.

Tecnicamente, o declínio é visível. Neymar perdeu explosão, evita o contato físico e parece desconectado do ritmo do time comandado por Jorge Jesus. A ideia inicial de colocá-lo como um armador mais recuado não se sustentou, tampouco sua função como referência de marketing internacional. O jogador oscila entre clínicas médicas, treinos limitados e atuações burocráticas. Para quem viu o camisa 10 decidir jogos de Copa do Mundo e Champions League, a atual versão soa como um eco distante.

📱 FEIRA DE SANTANA NOTÍCIAS 24H: Faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsApp

O ponto crítico, no entanto, não é só físico — é simbólico. Neymar virou espelho de uma era que se aproxima do fim sem um legado proporcional ao seu talento. A passagem pela Arábia, pensada como recomeço, tem mais ares de epílogo. E o que se dizia em Itapuã, nos meus tempos de rádio na Bahia, volta com força: quando a vaidade joga mais que a bola, o placar raramente sorri. Ainda há tempo para resgatar dignidade esportiva, mas a janela está estreitando.

Em 2025, com a Seleção reformulada e a Europa investindo em jovens promissores, Neymar caminha para ser uma figura de exceções: exceção técnica, financeira e, agora, de engajamento. Ainda é o maior talento brasileiro do século? Sem dúvida. Mas talento, como todo craque baiano aprendeu cedo, precisa de lastro — e o que falta hoje a Neymar não é perna, é propósito.