Em tempos de cifras astronômicas e transferências relâmpago, Nico Williams decidiu remar contra a maré. O atacante de 22 anos, alvo declarado de Barcelona e Bayern de Munique, renovou com o Athletic Bilbao até 2035, com multa rescisória fixada em 90 milhões de euros (R$ 572,8 milhões). Formado no próprio clube basco, Nico segue os passos do irmão Iñaki e reforça um discurso cada vez mais raro: o amor à camisa. No futebol europeu de 2025, onde contratos viram commodities, essa escolha soa quase como uma manchete de outro tempo.

Dentro das quatro linhas, o jovem já acumula números de veterano: são 162 partidas, 31 gols e 30 assistências pelo Athletic. Pela seleção espanhola, a camisa também não pesa: 28 jogos e seis gols. Mais do que estatísticas, Nico exibe um futebol de mobilidade, agressividade pelos flancos e maturidade tática que seduziam os gigantes da Europa. O Barcelona, inclusive, chegou a preparar o cheque para cobrir a multa, mas o atacante preferiu continuar em Bilbao, onde a torcida o trata como um filho da terra.

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A escolha de Nico Williams reverbera com força no País Basco, onde a identidade regional é uma bandeira histórica. A decisão de permanecer contrasta com a debandada de jovens promessas para mercados mais rentáveis e remete a um tempo em que craques como Julen Guerrero também resistiram ao canto da sereia das grandes potências. Por essas bandas, como se diz com aquele sotaque carregado: "Quem tem raiz, não se perde no vento". O futebol basco agradece.

O desafio para Nico e o Athletic agora é transformar essa fidelidade em conquistas. Ficar é bonito, mas é preciso vencer. O risco é que o projeto esbarre na limitação de investimento frente aos rivais que nadam em dinheiro. Ainda assim, manter um talento como Nico até 2035 é um gol de placa na construção de um Bilbao competitivo e respeitado. Que essa aposta no coração venha acompanhada de taças e que a história escrita nos campos bascos não vire apenas um romantismo de almanaque.