Ramon abriria hegemonia absoluta na Classic com nova regra

EsportesPeso sem limite

Ramon abriria hegemonia absoluta na Classic com nova regra

Fim do teto favorece genética brasileira e amplia debate sobre critérios 

📷 Reprodução: X (Twitter) - ramondinopro2

A entrevista de Terrence Ruffin à Musculo, blog especializado da Folha, acendeu um debate até então restrito aos bastidores da elite do fisiculturismo: e se não houvesse limite de peso na Classic Physique? Segundo o norte-americano — bicampeão do Arnold Classic e eterno top contender do Olympia —, Ramon Dino venceria "todos os anos", caso a divisão fosse determinada apenas por estética, simetria e condicionamento. A fala, além de reveladora, escancara um impasse estrutural da categoria que mais cresce no cenário mundial: o quanto o regulamento tem, de fato, favorecido o mérito atlético em detrimento de modelos predefinidos de corpo ideal.

Tecnicamente, a afirmação de Ruffin não é desprovida de base. Ramon, com sua inserção muscular profunda, linha de cintura extremamente controlada e densidade típica de um bodybuilder open, se destaca mesmo quando comparado a físicos como o de Chris Bumstead, tetracampeão olímpico. Porém, diferentemente do canadense, que já "bate" o peso com relativa margem, o brasileiro sofre ano após ano para encaixar seu volume nos limites impostos por altura. O sacrifício de massa magra, em sua fase final de preparação, implica perdas estéticas visíveis — sobretudo no aspecto tridimensional de dorsais e pernas. Num cenário sem esse freio artificial, o físico de Dino poderia, em tese, atingir sua plenitude e abrir distância real dos adversários.

📱 FEIRA DE SANTANA NOTÍCIAS 24H: Faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsApp

A possibilidade de mudança nas regras, embora hipotética, tem implicações concretas para o futuro do esporte. Romper com o limite de peso exigiria da IFBB Pro League uma redefinição conceitual da Classic: manter o espírito old school ou ceder à pressão do show visual? Em meio a um público cada vez mais ávido por espetáculo e narrativas épicas, a eventual "liberação" da balança poderia transformar a categoria numa alternativa híbrida entre a Classic atual e a Open, ameaçando, inclusive, a identidade de ambas. Para o Brasil, por outro lado, o efeito seria imediato: uma geração de atletas volumosos, que hoje migram para outras divisões ou estacionam no amadorismo, encontraria campo fértil na elite.

É preciso reconhecer o mérito do comentário de Ruffin, não como bajulação pontual, mas como sintoma de uma insatisfação crescente. O Classic Physique nasceu com a promessa de equilíbrio entre arte e ciência, mas tem se prendido a métricas engessadas que penalizam justamente os físicos que mais encantam o público. Em 2025, com Ramon em plena maturidade muscular e o Brasil vivendo um boom de academias e influenciadores fitness, talvez seja hora de reavaliar os critérios que definem um campeão. Afinal, como se diz por aqui, "quem tem a faca e o queijo, não pode viver de migalha".

 

Comentários:

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Já Registrado? Acesse sua conta
Visitante
Terça, 29 Julho 2025

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.jornalfolhadoestado.com/