Salvador aposta na corrida para reinventar imagem global da cidade
Evento deve atrair 15 mil atletas e promete impacto econômico de R$ 10 milhões
A capital baiana se prepara para receber, nos dias 20 e 21 de setembro, a edição 2025 da Maratona Salvador. A organização projeta entre 12 mil e 15 mil corredores, com 40% vindos de fora da cidade, gerando expectativa de injetar R$ 10 milhões na economia local. O palco será novamente o Parque dos Ventos, na Orla da Boca do Rio, espaço simbólico do esforço recente da prefeitura em reconfigurar a imagem de Salvador como destino esportivo e turístico.
O desenho do evento revela uma aposta clara: transformar a corrida em vitrine de modernização urbana e em ativo político. O número de inscritos cresce 20% em relação ao ano anterior, sinalizando amadurecimento do calendário esportivo. A prova também se ancora em ações paralelas de solidariedade e cultura, como a campanha de arrecadação de roupas liderada por figuras locais, o que reforça a intenção de vincular o evento a uma narrativa de pertencimento comunitário.
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As consequências vão além da injeção financeira. O perfil dos participantes, com gasto médio de R$ 500 por dia, aproxima-se do turista internacional, ampliando a margem de consumo em setores como hotelaria e gastronomia. Caso o fluxo se mantenha, a cidade pode consolidar um novo ciclo de sazonalidade positiva, reduzindo a dependência do carnaval e do verão como únicos motores de captação de visitantes. Para o poder público, trata-se de oportunidade de sedimentar a imagem de uma Salvador mais cosmopolita.
A leitura crítica, contudo, exige cautela. A explosão de corridas de rua no Brasil muitas vezes expõe a fragilidade estrutural das cidades, que nem sempre oferecem suporte logístico e mobilidade compatíveis. Salvador, em particular, convive com gargalos crônicos de transporte e desigualdades visíveis em sua paisagem urbana. A maratona é conquista relevante, mas só se transformará em legado se vier acompanhada de políticas consistentes de inclusão, mobilidade e infraestrutura. Do contrário, corre-se o risco de a corrida ser apenas um espetáculo vistoso para poucos, e não um vetor real de transformação para a cidade inteira.
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