Conheça Samir Xaud, que promete nova cara para a CBF
Gestão descentralizada, calendário enxuto e combate ao racismo são prioridades
O futebol brasileiro inicia um novo ciclo de gestão. Neste domingo (25), Samir de Araújo Xaud, médico infectologista de 41 anos, foi eleito presidente da CBF para o quadriênio 2025-2029. Natural de Roraima, Samir assume a entidade no momento em que o futebol nacional vive mais uma crise institucional e um ambiente de forte divisão entre federações e clubes.
A eleição foi marcada por ausência de concorrência. Xaud foi candidato único, viabilizado por apoio massivo das federações estaduais — 25 das 27. Do lado dos clubes, no entanto, o respaldo foi bem mais tímido: apenas 10 dos 40 votantes declararam apoio até o dia da eleição. Um grupo de 21 clubes, incluindo grandes da Série A e da Série B, optou por boicotar a votação em protesto contra as regras do estatuto da CBF, que atribuem peso maior às federações (peso 3), enquanto os clubes da Série A têm peso 2 e os da Série B, peso 1.
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Apesar da controvérsia, Xaud foi eleito com 101 dos 143 votos possíveis. Assumiu oficialmente o comando da CBF em um pleito convocado após decisão judicial que afastou o então presidente Ednaldo Rodrigues.
No discurso de posse e nas entrevistas anteriores, Samir Xaud prometeu uma gestão descentralizada, mais transparente e alinhada com pautas atuais do esporte mundial. Entre os compromissos anunciados estão:
- Redução do calendário dos estaduais para no máximo 11 datas, buscando equilíbrio entre tradição e viabilidade econômica dos clubes.
- Fortalecimento do combate ao racismo e à discriminação, com políticas de inclusão e diversidade. Uma sinalização nesse sentido foi a indicação de Michelle Ramalho, presidente da Federação Paraibana, como vice-presidente — a primeira mulher a ocupar o cargo na história da entidade.
- Abertura para o debate sobre maior participação dos clubes nas decisões, embora esse ponto seja, até agora, mais uma promessa do que uma proposta concreta.
A eleição ocorre em meio a desconfiança generalizada de parte significativa dos clubes, que contestam não só o processo eleitoral, como também a influência desproporcional das federações na governança do futebol brasileiro. Em nota conjunta, o grupo que boicotou a votação afirmou estar disposto a dialogar com a nova gestão, mas reforçou a necessidade urgente de revisão do modelo de governança da CBF.
Por outro lado, dirigentes que apoiaram Xaud, como Leila Pereira, presidente do Palmeiras, enxergam na nova gestão uma oportunidade de modernização. Ela defendeu que o apoio ao roraimense não é uma questão de origem ou tradição, mas de proposta. "A nossa escolha é por um modelo mais moderno, com fair play financeiro e melhorias na arbitragem", declarou.
Além dos desafios institucionais, Samir já tem nas mãos uma missão simbólica e estratégica: a apresentação oficial de Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção brasileira, marcada para esta segunda-feira (26), no Rio de Janeiro. O técnico italiano estreia no comando da Amarelinha em 5 de junho, contra o Equador, pelas Eliminatórias da Copa.
O novo presidente herda uma entidade marcada por sucessivas crises nos últimos anos. Desde 2012, com a renúncia de Ricardo Teixeira, a CBF teve 11 presidentes — efetivos, interinos ou interventores — e apenas um deles concluiu o mandato. O desafio de Samir, portanto, vai muito além das quatro linhas: será necessário não só reorganizar a Seleção e o calendário, mas também restaurar a credibilidade de uma instituição cuja governança segue sendo motivo de embates e desconfiança.
Se a nova gestão será, de fato, um ponto de virada ou mais um capítulo de promessas não cumpridas, é algo que só o tempo — e as próximas decisões — poderão responder.
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