O projeto de construção de uma ferrovia ligando Salvador a Feira de Santana avança com novas diretrizes e expectativa de implementação até 2033. Uma mudança significativa na condução do projeto foi confirmada pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Sedur), que informou que que o estudo anteriormente encomendado à CCR Metrô Bahia foi descontinuado. A decisão ocorreu em função do início de um novo estudo sob responsabilidade do Governo Federal, com o objetivo de evitar a sobreposição de esforços e garantir maior coordenação entre as esferas federal e estadual.

Essa mudança ocorre em paralelo ao interesse da iniciativa privada. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou no Diário Oficial da União o requerimento da empresa TIC Bahia Ltda. para obtenção de outorga de autorização ferroviária para operar uma linha entre Salvador e Feira de Santana, com extensão aproximada de 98 km. A proposta prevê o transporte misto de passageiros e cargas.

Segundo a ANTT, a TIC Bahia já foi homologada como proponente autorizada para a implantação do trem regional. A empresa cumpriu todas as exigências legais e entregou o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), iniciando assim uma nova fase do projeto. Essa próxima etapa envolve o licenciamento ambiental, o detalhamento do projeto de engenharia e a captação de recursos financeiros.

À frente da iniciativa está o engenheiro feirense Danilo Ferreira, que há mais de oito anos coordena o desenvolvimento do projeto. Inicialmente vinculado ao governo estadual, o trem regional passou a ser estruturado por um grupo empresarial privado com apoio de investidores nacionais e internacionais. Para Ferreira, o modelo proposto se destaca entre os projetos ferroviários brasileiros. "Nosso modal deve atingir quase 220 km/h, enquanto os demais não ultrapassam os 140 km/h", afirmou.

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O traçado inclui dois pontos estratégicos de embarque em Feira de Santana: um na Avenida Noide Cerqueira e outro nas imediações do Anel de Contorno. Nesta última área, há planos para a construção de um terminal rodoferroviário, que poderá abrigar a nova rodoviária da cidade. A proposta também inclui um centro de convenções para eventos e feiras, o que, segundo o engenheiro, ajudaria a transformar Feira e Salvador em um eixo urbano integrado. "Isso permite que o potencial econômico da capital se espalhe pelo interior, fomentando negócios, turismo e valorização imobiliária", explicou Ferreira.

O investimento estimado é de R$ 6,8 bilhões - valor inferior ao projeto do trem entre São Paulo e Campinas, apesar das distâncias semelhantes. Essa diferença se deve às condições geográficas mais favoráveis e ao traçado menos impactado por áreas urbanas densas, o que reduz o número de desapropriações e facilita a execução da obra.

O cronograma prevê cerca de três anos para licenciamento ambiental e captação de recursos, seguidos de quatro anos para a construção da ferrovia. A operação do trem é projetada para começar entre os anos de 2032 e 2033. No modelo expresso, a viagem entre as duas cidades deve durar aproximadamente 35 minutos - uma redução expressiva em comparação com o tempo atual por rodovia, que gira em torno de uma hora em condições normais de tráfego.

A TIC Bahia Ltda atuará no modelo de autorização ferroviária, estabelecido pela Lei de Ferrovias de 2021. A concessão privada garante à empresa o direito de explorar o trecho por até 99 anos. "Nós não queremos ser donos da ferrovia. Somos instrumentos para construí-la e colocá-la a serviço da Bahia e do Brasil. Esperamos retorno econômico, claro, mas sobretudo transformação social", destacou Danilo Ferreira.

O projeto ainda será avaliado pelo Ministério dos Transportes. Caso seja considerado válido como política pública, retorna à ANTT para a elaboração e assinatura do contrato de autorização. Se concretizado, o trem regional entre Salvador e Feira de Santana poderá reposicionar a Bahia na vanguarda do transporte ferroviário de passageiros no país.

Com informações do Portal Grupo Lomes, Jornal A Tarde, e Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (SEDUR).