A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizou, nesta quarta-feira (29), uma capacitação com enfermeiros da Atenção Primária à Saúde sobre toxoplasmose congênita. O objetivo foi fortalecer as ações de prevenção, diagnóstico e manejo da doença nas unidades de saúde, com foco especial em orientar e cuidar das gestantes durante o pré-natal.

De janeiro a agosto deste ano, a SMS notificou 14 gestantes com diagnóstico de toxoplasmose — outras seguem em acompanhamento e tratamento.

A toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii e pode ser transmitida ao ser humano principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados. As fezes de gatos infectados são a principal fonte de contaminação do ambiente. Durante a gravidez, o risco é maior, pois o protozoário pode atravessar a placenta e infectar o feto, provocando aborto espontâneo, parto prematuro, surdez, cegueira ou alterações neurológicas.

📱 Faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsApp

O médico infectologista da rede municipal, Dênio Barros, destacou a importância do diagnóstico precoce.

"Quanto mais inicial é a fase gestacional, maior o risco de aborto. Com o avanço da gravidez, o risco de infecção diminui, mas há possibilidade de parto prematuro ou de o bebê nascer com a doença. Muitas gestantes não apresentam sintomas, por isso é fundamental realizar os exames regularmente", explicou.

O especialista reforçou ainda que todas as gestantes devem realizar os exames o quanto antes.

"Se for identificada a infecção, o caso deve ser encaminhado ao serviço especializado — o pré-natal de alto risco", acrescentou.

A chefe da Divisão de Controle Epidemiológico, Verena Leal, ressaltou a importância da capacitação para o fortalecimento do atendimento prestado pelas equipes da Atenção Primária à Saúde.

"Esses profissionais são responsáveis pelo primeiro atendimento na rede e exercem papel fundamental no cuidado contínuo aos usuários dos serviços", afirmou.

Diagnóstico e tratamento

Durante o pré-natal, as gestantes realizam exames sorológicos para detectar a toxoplasmose. Caso seja identificada infecção recente (anticorpos IgM positivos), a paciente é encaminhada para o Ambulatório de Infectologia, onde recebe acompanhamento e tratamento com infectologista.

O tratamento é feito com medicamentos fornecidos pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), como sulfadiazina, espiramicina, pirimetamina e ácido folínico, e é mantido até o final da gestação.

"Esse acompanhamento especializado é fundamental para controlar a infecção e reduzir os riscos para o bebê", destacou a enfermeira referência técnica, Aline Martins.

A profissional também reforçou as principais medidas preventivas repassadas às usuárias da rede municipal.

"Evitar o consumo de carnes cruas, malcozidas ou malpassadas; higienizar corretamente frutas, verduras e legumes; utilizar somente água filtrada ou fervida; e lavar bem as mãos e utensílios após o preparo dos alimentos", orientou.