Audiência pública discute urgência do encerramento humanizado dos lixões na Bahia
MPBA e outras instituições buscam articulação para viabilizar aterros sanitários a 388 municípios baianos
Durante o encontro, foi ressaltado que 243 municípios baianos ainda mantêm lixões a céu aberto, expondo a população a riscos à saúde e ao meio ambiente. O prazo legal para substituição dos lixões por aterros sanitários se encerrou em agosto de 2024. O coordenador do Ceama, promotor de Justiça Augusto César Matos, destacou que a Bahia enfrenta o cenário mais crítico do país quanto à destinação dos resíduos sólidos, uma vez que apenas 29 dos 417 municípios destinam corretamente seus resíduos finais a aterros sanitários.
Segundo o promotor, embora a responsabilidade pela gestão dos resíduos seja municipal, nenhum Município conseguirá enfrentar isoladamente o problema. "É imprescindível que os entes públicos se unam e utilizem, de forma racional, a capacidade instalada dos aterros já existentes, ao mesmo tempo em que estruturem consórcios regionais e novos aterros onde não há essa possibilidade. Da mesma forma, é fundamental implementar os demais instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, como a reciclagem, a compostagem e, sobretudo, a inclusão socioprodutiva das cooperativas de catadores, cujo papel é indispensável para um modelo sustentável e justo de gestão de resíduos", afirmou.
A audiência reuniu também representantes do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA), da Embasa, da União dos Municípios da Bahia (UPB), da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) e do Instituto Lixo Zero. Entre as propostas apresentadas, destacaram-se a necessidade de educação ambiental para a redução de resíduos na origem, a valorização socioeconômica dos catadores de materiais recicláveis, e o uso imediato da capacidade ociosa dos aterros regionais como alternativa técnica para acelerar a desativação dos lixões.
A atuação do MPBA, em parceria com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA) e outras instituições, busca consolidar um arranjo institucional intersetorial capaz de garantir a destinação ambientalmente adequada dos resíduos, em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) e o Novo Marco do Saneamento (Lei nº 14.026/2020). Para o MPBA, processo de encerramento dos lixões deve ser conduzido de forma humanizada e inclusiva, assegurando a participação das cooperativas de catadores na cadeia de resíduos e promovendo a justiça ambiental e social.
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