Vítima de crime de intolerância religiosa em metrô de Salvador se diz assustada

MunicípiosBahia

Vítima de crime de intolerância religiosa em metrô de Salvador se diz assustada

Jovem fará boletim de ocorrência na tarde desta terça, 16

Crédito: Reprodução | Redes Sociais

A jovem que foi vítima de intolerância religiosa no metrô de Salvador, nesta segunda-feira, 15, se manifestou nesta manhã por meio das redes sociais. Na publicação, ela disse que foi uma situação assustadora e que ainda não conseguiu processar o que aconteceu. Ela fará boletim de ocorrência na tarde desta terça-feira (16).

"Nunca imaginei que passaria por uma situação como essa de ver uma pessoa espumando de ódio por apenas eu estar usando um fio de conta, por apenas ser de uma religião diferente. Foi assustador demais ver aquele homem se levantar e vir pra cima de mim, foi muito aterrorizante mesmo", publicou.

A estudante afirmou que perguntou ao homem se ele já tinha visto ela no metrô, já que era a única com colar de contas no pescoço. O suspeito teria dito que as falas dele se tratavam de liberdade de expressão.

"Eu disse que intolerância religiosa não é liberdade para ele ter ódio no coração. É para você se expressar de acordo com a lei", pontuou a jovem.

A resposta, conforme a jovem, fez com que o homem ficasse ainda mais irritado. Ele se levantou e começou a gritar que queria que pessoas adeptas ao candomblé morressem.

"A lateral da boca dele espumava de tanto ódio e as pessoas em volta ficaram em silêncio. Comecei a me afastar porque fiquei com medo dele vir para cima de mim e me bater".

Parte da discussão foi gravada pela jovem. O vídeo foi feito após ela ser orientada por uma idosa que estava no metrô. Na imagem, é possível ver o momento que o homem grita: "Você está indo para o caminho das trevas. Se você acredita que o caminho que você está seguindo é bom, se jogue de cabeça".

A confusão só terminou quando a estudante deixou o local e o homem continuou no vagão.

"Quando saí do metrô, uma moça me abraçou e me acompanhou até os seguranças. Um deles me falou que tinha um segurança esperando ele na próxima estação, mas ficou por isso mesmo. Não fizeram nada", relatou.

Em nota, a CCR Metrô, empresa que administra o transporte, afirmou que a segurança não foi acionada e que repudia qualquer prática de intolerância e desrespeito.

A concessionária disse ainda que a equipe de agentes está disponível para prestar atendimento e orienta que todo caso de intolerância ou agressão seja registrado para tomada das devidas providências.

Entidades se manifestaram

Após o vídeo da estudante viralizar nas redes sociais, entidades anti-intolerância religiosa repudiaram o caso e contaram que estão dando assistência à vítima. O advogado dela, Bruno Moura, afirmou que conseguiu a identificação do suspeito e que encaminhou dados dele para a polícia.

Também em nota, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi) repudiou o caso de intolerância religiosa.

Conforme a Sepromi, a Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa foi acionada e o advogado da mulher recebeu suporte por meio do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela.

Ainda de acordo com a secretaria, representantes da Rede de Combate ao Racismo vão acompanhar a mulher nesta terça-feira (16) até a Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid), quando será feita a denúncia do crime.

A Associação de Terreiros da Bahia também repudiou o ato de intolerância religiosa e disse que é inaceitável que uma mulher tenha sido hostilizada simplesmente por expressar sua fé, utilizando um fio de conta associado à sua crença de matriz africana.

Ela afirmou que a sociedade não pode permitir que a intolerância religiosa continue acontecendo e que por isso é necessário enfrentar os responsáveis por esse tipo de crime.

"Estou enfrentando os meus gatilhos emocionais porque eu não fui a única vítima desse rapaz e acredito que ele não vai parar comigo. Ele vai permanecer com essas atitudes criminosas e o racismo religioso precisa ser punido de todas as formas, não podemos deixar passar despercebido, ao presenciar cenas como essa se levantem, falem, batam de frente e não permitam que o medo tome o coração de vocês, a mente de vocês", continuou.

A jovem aproveitou a ocasião para agradecer as mensagens de apoio que tem recebido após o crime. "São muitas pessoas me mandando mensagens de conforto, muitas pessoas me acolhendo e especialmente os meus amigos, meus familiares.. todos estão me dando o suporte necessário, quero apenas dizer que sou muito grata pelo apoio de todos vocês. Por cima do medo, coragem. Adupé", finalizou.

 

Comentários:

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Já Registrado? Acesse sua conta
Visitante
Sábado, 04 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.jornalfolhadoestado.com/