82% dos acidentes laborais têm relação direta com condições de trabalho

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82% dos acidentes laborais têm relação direta com condições de trabalho

Os trabalhadores indicaram agravo osteomuscular em 46% dos atendimentos eadoecimento psíquico em 46%. 

Foto: Agência Brasil/arquivo

projeto Caminhos do Trabalho atendeu 1.039 pessoas individualmenteatéjunhode 2025, das quais 93,6% relatam ter sofrido acidentes laborais. Houve identificação de nexo entre agravo e trabalho em 82,3% dos atendimentos, 11,3% ainda estão sob investigação e 6,4% não tiveram nexo causal constatado. Esses números foram apresentados no II Encontro Nacional do Caminhos do Trabalho, realizado nos dias 14 e 15 de julho, em Salvador/BA, na SRTE/BA (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia).

Os trabalhadores indicaram agravo osteomuscular em 46% dos atendimentos eadoecimento psíquico em 46%. O nexo com o trabalho foi constatado em 87,3% e 84,8% desses casos, respectivamente. Eles também relataram movimentos repetitivos (77,7%), uso de medicação (71,6%), ritmo acelerado (58,4%), tristeza (52,3%) e assédio no local de trabalho (38,6%). Em 64% dos atendimentos, houve relato de exigência demasiada de si, e o trabalho foi considerado penoso em 52%.

As pessoas atendidas são de 17 unidades federativas e 305 atividades econômicas, atuando em 165 cidades. A maior parte dos atendimentos ocorreu em Minas Gerais (367), seguido por Bahia (306) e Santa Catarina (137). O projeto ainda está presente no Amazonas, Ceará, Distrito Federal,Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte,Rio Grande do Sul, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Outrainformaçãofoi de como elas chegaram até o projeto: 249 por indicação de outro trabalhador, 203 por meio de fluxo interno de Hospital (Ebserh - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), 113 via sindicato ou associação de classe, 79 indicados por Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), Caps (Centro de Atenção Psicossocial) ou qualquer órgão do SUS (Sistema Único de Saúde) e 69 por busca ativa de integrante do projeto.

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Diálogo

O II Encontro Nacional do Caminhos do Trabalho permitiu que os membros compartilhassem aprendizados acumulados. Representantes das unidades do projetoUFBA (Universidade Federal da Bahia), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), UFU (Universidade Federal de Uberlândia), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), UFMA (Universidade Federal do Maranhão), UFF (Universidade Federal Fluminense) e Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e, à distância, da UnB (Universidade de Brasília), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e UFT(Universidade Federal do Tocantins) dividiram suas experiências, desafios e perspectivas práticas. Assim puderam observar dificuldades em comum e pensar soluções.

O evento contou com três mesas de debate. Na primeira, o professor da UFBA, Paulo Pena, a advogada e doutoranda da UFMG, Carol Brasileiro, e a pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno,discutiram os argumentos empresariais para afastar o nexo entre agravo e trabalho e os desafios das perícias do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).

A segunda mesa"Acesso aos benefícios previdenciários a empregados e trabalhadores autônomos: casos em que empregadores e tomadores de serviço deixam de pagar ao INSS"contou com as palestras do procurador do trabalho Ilan Fonseca de Souza e doprocurador federal Osvaldo Almeida Neto.

Souza e Almeida Neto responderam dúvidas dos membros do projeto sobre o tema e se mostraram abertos a manter o diálogo com a Fundacentro pela melhoria de procedimentos previdenciários que dificultam o acesso a benefícios acidentários.

Já a terceira abordou a identificação do nexo entre adoecimento psíquico e trabalho, que é preocupação compartilhada pelas unidades do projeto. Teve apresentações do psiquiatra Carlos Tadeu, do médico Roberto Ruiz e do professor da UFF Bruno Chapadeiro.

A atuação colaborativa entre as instituições com o objetivo de combater a ocultação do adoecimento laboraltambém esteve em pautanas falas de autoridades na mesa de abertura. Participaram o presidente da Fundacentro, Pedro Tourinho; o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 5ª Região, Maurício Ferreira Brito; a chefe do Setor de Fiscalização em Segurança e Saúde do Trabalho da STRE/BA, Lidiane de Araújo; a juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 5 ª Região (TRT5), Adriana Manta; a diretora de Atenção à Saúde da Ebserh, Viviane Reis Couto; e o coordenador nacional do Caminhos do Trabalho, Vitor Filgueiras

 

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Segunda, 21 Julho 2025

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